A Marcha das Crianças e o Estado de Exclusão

Nos últimos dias, temos assistido ao desenrolar do polémico caso do professor primário Diavava Bernardo, que no passado dia 13 comandou uma manifestação de mais de 300 estudantes menores da Escola nº 5008, no município de Viana, Luanda. A manifestação visava apelar à administração municipal de Viana para que providenciasse carteiras para as salas de aula da referida escola. Em reacção, efectivos da Polícia Nacional dispersaram as crianças com um tiroteio e detiveram o professor, entretanto já libertado sob termo de identidade e residência. Até agora, os debates sobre o caso têm-se centrado nas acções do professor e da Polícia Nacional. Ora, sob vários aspectos, o incidente em causa é um excelente exemplo do estado da educação e da comunicação institucional no país. Deve, por isso, servir para aprofundar as questões estruturais que nos afectam: a deseducação sistémica e a falta de solidariedade social com vista a alcançar o bem […]

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O Presente de Natal do FMI e o Sonho do Faraó

O Natal é tempo de contraste. O futuro rei do universo – Cristo-rei, segundo a regra católica instituída pelo papa Pio XI em 1925 – nasce numas palhinhas numa cabana, aquecido apenas pelo bafo de um burro e de uma vaca. O rei está na cabana despojado. O mesmo contraste foi introduzido no passado dia 22 de Dezembro pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) ao congratular efusivamente a política económica de João Lourenço numa época em que a população angolana se debate com inúmeros problemas de escassez, problemas e fome. Para o FMI, parece tudo no melhor dos mundos. Para o povo, parece que mais uma maldição bíblica desceu sobre as terras angolanas, tal como “as sete espigas miúdas e queimadas do vento oriental” que representam sete anos de fome no sonho do Faraó (Génesis, 41, 26). Cada um pensa apenas com o estômago e não entende as palavras de Antoinette […]

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Falta Papel Higiénico na Sonangol

Num edifício de luxo, que custou perto de US$ 400 milhões — valor exorbitante a que não são alheias sobrefacturações alucinantes — os funcionários deparam-se com uma realidade insólita. Há falta de papel higiénico nas casas de banho, excepto no 18º, 19º e 20º andares, onde funcionam, respectivamente, o bando de consultores estrangeiros, o conselho de administração e a presidente do conselho de administração da Sonangol, Isabel dos Santos. É a crise. “Agora, cada funcionário tem de levar o seu papel higiénico de casa. A Sonangol não paga aos fornecedores e temos crise de papel higiénico”, diz-me uma funcionária, cabisbaixa e com um sorriso de resignação. A Sonangol tem sido o sustentáculo do Estado, do regime do presidente José Eduardo dos Santos e da economia nacional, que depende em quase-exclusivo do petróleo. No continente africano, Angola é, a par da Nigéria, o maior produtor de petróleo. Por mais que o […]

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Pinda Sem Mão na Educação

Pinda Simão é ministro da Educação desde 2010, altura em que o nefasto Burity da Silva saiu do posto que ocupou durante uma eternidade, com a falta de resultados que se conhece. Não vale a pena falar das escolas primárias ocupadas por pocilgas dos funcionários superiores da Educação, nem dos estudantes angolanos no estrangeiro que passavam fome porque o ministro, alegadamente, se apropriava do dinheiro das suas bolsas. Basta lembrar as reacções de vários estudantes quando Domingos Bernardo Ebo, antigo director do INAGBE (Instituto de Gestão de Bolsas de Estudo), foi condenado pelo Tribunal de Contas a devolver aos cofres do Estado a quantia de US $3.5 milhões por danos causados no período de gerência 2000/02. Estes foram os escândalos típicos de Burity. Com Pinda esperava-se um novo alento. Seis anos volvidos, talvez não existam escândalos de grande corrupção, excepto aquele em que Pinda Simão confrontou o ex-sócio Burity da […]

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