Falta Papel Higiénico na Sonangol

Num edifício de luxo, que custou perto de US$ 400 milhões — valor exorbitante a que não são alheias sobrefacturações alucinantes — os funcionários deparam-se com uma realidade insólita. Há falta de papel higiénico nas casas de banho, excepto no 18º, 19º e 20º andares, onde funcionam, respectivamente, o bando de consultores estrangeiros, o conselho de administração e a presidente do conselho de administração da Sonangol, Isabel dos Santos. É a crise.

“Agora, cada funcionário tem de levar o seu papel higiénico de casa. A Sonangol não paga aos fornecedores e temos crise de papel higiénico”, diz-me uma funcionária, cabisbaixa e com um sorriso de resignação.

A Sonangol tem sido o sustentáculo do Estado, do regime do presidente José Eduardo dos Santos e da economia nacional, que depende em quase-exclusivo do petróleo. No continente africano, Angola é, a par da Nigéria, o maior produtor de petróleo. Por mais que o preço do petróleo esteja baixo, certamente não deixará de haver orçamento para comprar papel higiénico.

“Isto está duro. Não temos mesmo papel higiénico. Acredito que é uma estratégia para se trocar de empresas fornecedoras. Não é falta de dinheiro. A anterior administração já comeu o suficiente. Agora é a vez da nova administração da Sonangol”, ironiza outro funcionário, sob anonimato.

Entretanto, vários trabalhadores da Sonangol decidiram juntar-se e criar um grupo na plataforma de media social WhatsApp, com o extraordinário nome de “Não há papel higiénico”, para discutirem entre si as questões da empresa.

E hão-de recordar aquela bizarra ironia, quando, descansados na sanita, sobre orgulhosos milhões de dólares em vidro, foram apanhados desprevenidos, sem que houvesse solução.

Perdoe então, caro leitor, o tom brejeiro, pois é caso para dizer: “Já não há papel higiénico que limpe a m… do regime.”

 

*Actualizado a 7 de Novembro de 2016.

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