Quando a Ditadura Estremece

O regime do MPLA estremeceu com a publicação no Maka Angola dos resultados da sondagem eleitoral. Esbaforido, logo recorreu ao seu megafone de serviço, a Televisão Pública de Angola (TPA), para ler um comunicado de imprensa que de imediato emitiu sentença, acusando-me de ter cometido um crime cibernético internacional.

De facto, publiquei há dias a informação contida na sondagem encomendada pela Presidência da República, mais concretamente pela Casa de Segurança do PR. Nessa sondagem, 91 por cento dos inquiridos consideram que os dirigentes agem apenas por interesse próprio e não em benefício da Pátria e dos angolanos. Por sua vez, 87 por cento dos cidadãos julgam que as políticas públicas implementadas pelo MPLA não trouxeram quaisquer melhorias para a qualidade de vida dos angolanos.

Doeu.

O Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA), afecto à Presidência da República, foi mobilizado para contrapor as análises do Maka Angola. A sua primeira medida foi emitir um desmentido através da TPA e inventar a existência de um crime cibernético. A TPA demonstra, mais uma vez, que o seu principal serviço é servir de arma do regime, inclusive com funções de pseudo-polícia judiciária.

A Presidência é um órgão do Estado angolano. Os brasileiros que realizaram a sondagem são pagos com fundos públicos, dinheiro do Estado, do povo angolano. É por isso totalmente legítimo que este mesmo povo saiba que uma sua amostra representativa dá um cartão vermelho inequívoco à governação do MPLA.

Segundo a amostra contemplada na referida sondagem, a população angolana está ciente do carácter delinquente do governo de José Eduardo dos Santos e dos seus filhos, bem como dos esquemas de corrupção dos inimigos do bem comum e da dignidade do povo angolano.

As ameaças de tribunal vociferadas pela polícia política da TPA revelam total ausência de noção da sua actual incapacidade de manipulação e de intimidação. A propaganda do regime está mais do que obsoleta, e é hoje contraproducente para o próprio MPLA. As ameaças, manipulações e intimidações da ditadura angolana já não atemorizam ninguém senão os seus próprios sequazes e os dúbios.

Grande parte da juventude angolana, que deverá ser a principal força de mudança, está cada vez mais consciente da realidade do país e do carácter nefário dos dirigentes que determinam o nosso quotidiano e o nosso futuro. A propaganda estatal causa-lhes a maior repulsa e serve de factor de congregação entre as mentes críticas.

Por exemplo, na mesma sondagem, que agora o regime pretende desmentir, 95 por cento dos estudantes universitários consideram que o executivo de José Eduardo dos Santos não tomou medidas para combater a corrupção. O mesmo número condena a actuação do governo do MPLA nos domínios da saúde, do saneamento e da habitação.

Esse grupo social, já mais esclarecido e com maior capacidade crítica, não confia nas instituições públicas, conforme resposta de 90 por cento dos estudantes universitários inquiridos. O desempenho do executivo de José Eduardo dos Santos, conhecido como o Zécutivo, é reprovado por 85 por cento destes jovens.

É isso que dói.

Os destruidores da sociedade angolana, os violadores da honra e da dignidade do povo angolano querem que as suas mentiras continuem a ser apresentadas como verdades e os seus crimes como feitos patrióticos.

Vão à merda!

A TPA, que serve de “espelho mágico” para a vaidade dos líderes do MPLA, continua a apresentar-lhes uma imagem ilusória sobre o que é hoje a sociedade angolana. Pelo contrário, aqui, no Maka Angola, podem vislumbrar a imagem real.

O regime acha que as ameaças com processos já não são suficientes. A 26 de Dezembro de 2016, a procuradora da República junto do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Elizete da Graça João Paulo Francisco, ordenou a minha interdição de saída do país. Estou à espera que cumpram essa ordem. A 6 de Setembro deverei estar no Parlamento Europeu, a convite dos eurodeputados Norbert Neuser, Marietje Schaake, Charles Tannock, Javier Nart, Elly Schlein e Ana Gomes, para uma audiência sobre Angola depois das eleições. Estou à espera que me retirem o passaporte no aeroporto, a qualquer altura. Em 18 anos, isso já aconteceu inúmeras vezes, mais uma, menos uma, fica para o meu registo biográfico.

Cadeia? Tentem. Será um grande grito de liberdade. Se acharem que já só funciona a bala, então primam o gatilho e desencadearão o maior grito de liberdade.

Saqueiam o país e esperam ser adorados ou bajulados pela população? Querem continuar a exigir silêncio sobre os vossos crimes?

A minha resposta é simples: vão à merda!

É o vosso fim.

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