Nito Alves Perseguido a Tiro

Durante a acção policial de repressão do motim da cadeia de Viana, ocorrido esta manhã, forças policiais perseguiram, a tiro, um grupo de jovens do Movimento Revolucionário, incluindo Nito Alves, de 17 anos.

“Chegámos à Comarca por volta das 8h30. Pouco depois entrei em directo na Rádio Despertar e comecei a narrar sobre os tumultos na cadeia”, disse Nito Alves. “Isso não agradou à polícia”, lamentou o jovem.

De acordo com o seu depoimento, com o aumento da pressão policial, Nito Alves, Emiliano Catumbela, Alemão “Monstro Imortal” e três jornalistas afastaram-se para junto da passagem de nível, a vários metros do lado oposto da Comarca.

Os agentes de segurança detectaram a presença do jovem activista Nito Alves, recentemente libertado da cadeia de Viana. “Um dos agentes gritou: ‘O grupo do Nito está aqui!’ Perseguiram-nos a tiro”, explicou Emiliano Catumbela.

Segundo depoimento de Emiliano Catumbela, o seu grupo, separou-se dos jornalistas com quem estavam, no local, puseram-se em fuga pelo bairro.

“Havia um helicóptero a dar as nossas coordenadas do ar e a polícia só deixou de disparar quando entrámos numa rua com muitas crianças. Ali desaparecemos”, disse Catumbela, de 23 anos, que esteve detido em Maio passado por ter participado de uma manifestação anti-governamental.

O jornalista da Rádio Despertar, Francisco Paulo, corroborou a narração de Emiliano Catumbela e explicou que foi sujeito à revista por agentes da Polícia Nacional, assim como os seus colegas Bernardo Ventura, da Rádio Ecclésia, e Sedrick Carvalho, do Novo Jornal. “A ordem partiu do chefe das operações do Comando Provincial de Luanda, que conheço apenas por Chefe Pito”, explicou o jornalista.

“Como a polícia corria atrás de nós, a fazer disparos, os moradores por onde passámos, pensaram inicialmente que éramos meliantes. Foi complicado”, desabafou Nito Alves. O jovem foi detido a 12 de Setembro passado, acusado de difamar o presidente da República, José Eduardo dos Santos, por ter imprimido vinte camisolas com inscrições que apodavam o Chefe de Estado de “ditador nojento”. O jovem encontra-se em liberdade, desde o mês passado, sob termo de identidade e residência e sujeito a apresentar-se quinzenalmente numa esquadra policial.

No seu discurso de fim de ano, a 27 de Dezembro, o presidente disse à nação que não é cultura do seu governo a “cultura da morte” ou do “assassinato por razões políticas”.

Nito Alves poderia ter sido morto na acção policial, de perseguição com tiros de balas reais.

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