Angola em Chamas

Todos os anos, na estação seca, de Junho a Setembro, Angola queima. Queima um pouco mais. Perde mais árvores, florestas desaparecem e altera-se o ecossistema. A desordem das queimadas para a caça de pequenos animais, para a preparação das terras para a agricultura de subsistência e pela simples vontade de queimar, faz com que até os cemitérios também sejam queimados. É o caso do cemitério de Sacavela, no município do Wako-Kungo, Kwanza-Sul, que também ardeu, como se a comunidade local quisesse enviar os seus mortos para o inferno. Queimam tudo, e até, algumas vezes, as suas próprias casas por conta da desordem. Só na segunda semana deste mês de Setembro, os incêndios florestais devastaram seis por cento do total da superfície terrestre de Angola, de acordo com o Sistema Global de Informação de Incêndios Florestais. Trata-se da percentagem mais alta de terra queimada no mundo, seguindo-se a nossa vizinha República […]

Read more

Incêndios florestais e a Caça ao Rato Monteiro no Kwanza-Sul

Depois de termos atravessado vários quilómetros de terra queimada e outras ainda em chamas, o general sorri, com ar de descrédito, abana a cabeça e pergunta-me: “Sabe qual é a principal causa dos fogos aqui na Quibala?” “Não sei”, respondo. “É para caçar ratos. É mais para caçar ratos”, afirma o general Luís Faceira (já na reforma), continuando a abanar a cabeça. No conforto de um veículo todo-o-terreno com ar condicionado, é fácil pensarmos que se trata de uma brincadeira ou anedota. Mas não é. Ao longo da estrada, aqui e ali, meninos exibem, para venda, o rato monteiro. Este rato chega a ter o tamanho de um coelho, e é um exímio escavador de tocas, debaixo do solo, para seu próprio abrigo. O preço de mercado do rato monteiro varia entre os 2500 e os 3000 kwanzas, dependendo do tamanho. O general explica que o fogo e as altas […]

Read more

Estão a Queimar Angola

Estão a queimar Angola, o nosso país. O cenário de terra queimada expande-se por centenas de quilómetros na província do Kuando-Kubango, a segunda maior do país, com mais de 199 mil quilómetros quadrados. Noutras partes do país, como o Moxico e o Kwanza-Sul, o cenário é o mesmo. Para muitas comunidades locais e indiferentes, trata-se apenas da época da queima de capim para novo cultivo, de prática de caça e de produção de carvão. No entanto, para o povo San, que ascende a 12 mil habitantes no Kuando-Kubango, está em causa a sua própria sobrevivência. Aquele ajuntamento, afastado da aldeia de Ntopa, comuna de Caiundo (município do Menongue), parece abandonado, com vestígios apenas do modo de vida dos seus habitantes. Espalhadas por todo o lado no chão queimado, cascas e sementes de maboque revelam o modo de alimentação daquela comunidade. Os dormitórios, improvisados com umas estacas e alguns com cobertura, […]

Read more