Família Mutindi: Profissionais do Saque ao Estado

Com alguns golpes toscos, a filha de um governador saqueia perto de 900 milhões dos cofres do Estado. Gasta grande parte do dinheiro na manutenção de uma vida de luxo e ganha as obras para a construção de um hospital municipal por mais de 600 milhões de kwanzas, com uma empresa-fantasma, no âmbito da política de luta contra a pobreza. O que fazer?
A captura do Estado por algumas famílias dirigentes do MPLA deve merecer um sério debate nacional, de modo a resgatar o país e devolvê-lo aos seus legítimos soberanos, conforme a Constituição: o povo angolano.
De forma corajosa, o presidente João Lourenço tem denunciado os níveis de corrupção desenfreada no seio do seu próprio partido, o MPLA, e do seu governo. Poucos reflectem sobre o que deve ser o pesadelo de estar rodeado de corruptos que a todo o custo o querem tornar refém, enquanto continuam o festim de pilhagem através da contratação pública, da dívida pública e da gestão dos dinheiros do Estado. A pressão contra o presidente cresce, muito por conta da resistência, da incompetência e da má-fé dos dirigentes do MPLA e da estratégia subliminar de tentar fazer regressar ao topo do poder a velha guarda de marimbondos. Esse grupo havia capturado o Estado em toda a sua dimensão e mantém sob sua guarda o capital público roubado ao Estado.
Alguns dirigentes pura e simplesmente desafiam o presidente. Esvaziam o seu discurso anticorrupção, exploram as suas fraquezas políticas e continuam nos seus postos a pilhar com toda a impunidade. Uma dessas figuras é Pedro Mutindi, governador do Kuando-Kubango e membro do Bureau Político do MPLA.
Na manhã de 24 de Julho, este era o esboço do texto sobre os saques da família Mutindi no Kuando-Kubango. No período da tarde, a Presidência da República anunciou que demitira Pedro Mutindi. Apesar desta demissão, conteúdo da investigação mantém-se válido, por isso aqui segue.
A Oyoveo – empresa de Odalya Mukwatchala Oliveira Mutindi, filha do governador – tem um contrato com o Ministério das Finanças, totalizando 609,3 milhões de kwanzas, para a reabilitação do Hospital Municipal do Cuchi. Fonte local revela que a administração do Cuchi é mantida na ignorância sobre a referida obra “porque o contrato é da exclusiva responsabilidade do governo provincial”.
Segundo essa fonte, o Gabinete de Estudos e Planeamento (GEPE) do governo provincial informou taxativamente que “não é da responsabilidade do administrador [do Cuchi] saber sobre a obra do hospital [no município que dirige]”.
O padrão dos esquemas, comum em todo o país, assenta na contratação pelos governos locais de empresas privadas ligadas aos titulares locais, seus familiares, ou os “marimbondos” de Luanda, para prestação de serviços. Como parte do esquema, a empresa privilegiada não precisa de prestar o serviço para o qual foi contratada, mas recebe o pagamento. Algumas destas empresas fingem realizar uma amostra do trabalho.
Vejamos então outros esquemas bem-sucedidos da filha de Pedro Mutindi. Duas empresas interligadas entre si, a Dabenda e Oyoveo, sugaram aos cofres do governo provincial do Kuando-Kubango mais de 888 milhões de kwanzas.

Oyoveo
A 29 de Janeiro de 2016, Edson Carlos da Silva Veloso e Vasco Lopes Cardoso constituíram a empresa Oyoveo Investimentos, Lda., com um objecto social disparatado que inclui segurança privada, infantários, ourivesaria, fabrico de medicamentos, casino, exploração florestal, panificação, salão de beleza, venda de petróleo iluminante, etc., etc.
Só a 29 de Junho e 4 de Julho do mesmo ano esta empresa registou as suas duas primeiras movimentações financeiras, ao receber na sua conta bancária, no BPC, dois depósitos somando 526,2 mil kwanzas. Um dia depois, a empresa levantou esses fundos, deixando apenas mil kwanzas na referida conta.
Quase um mês depois, a 1 de Agosto de 2016, o Ministério das Finanças transferiu um total de 342,8 milhões de kwanzas para a Oyoveo. Passadas três semanas, o Ministério providenciou mais 343 milhões de kwanzas à Oyoveo, totalizando 686,1 milhões de kwanzas pagos a uma empresa até então sem qualquer actividade.
A partir de 7 de Setembro do mesmo ano, a Oyoveo inicia a transferência de largas somas para uma segunda empresa, a Omon Lda, de Odalya Mutindi, totalizando 80 milhões de kwanzas.
No espaço de um ano, a Oyoveo recebeu um total de 777,3 milhões de kwanzas, somados os 121,1 milhões de kwanzas em ordens de saque executadas subsequentemente pelo governo provincial de Pedro Mutindi.
Apesar de Odalya Mutindi não constar entre os nomes dos donos da empresa, ela é, em última instância, a beneficiária final do esquema. Antes de nos reportarmos à segunda empresa, importa referir que dos fluxos financeiros desta constam levantamentos para pagar salários de trabalhadores de ambas as empresas.
Curiosamente, as primeiras rubricas de salários na contabilidade da Oyoveo só aparecem a 11 de Outubro de 2016, quase cinco meses depois de terem sido recebidos os pagamentos do Ministério das Finanças.
Dabenda
A 17 de Março de 2016, um mês após a nomeação de Pedro Mutindi para o cargo de governador, a sua filha Odalya constituiu a empresa Dabenda, Lda., tendo como sócio Benjamin Siusifonya Hauwanga.
Passados três meses, a 16 de Junho do mesmo ano, esta empresa recebia o primeiro pagamento do governo provincial do Kuando-Kubango, pela prestação de serviços-fantasma no valor de 8,2 milhões de kwanzas.
Um ano depois, a 2 de Junho de 2017, através de três ordens de saque do Ministério das Finanças, o governo provincial pagou a soma de 111 milhões de kwanzas à Dabenda. No total, em apenas um ano, Pedro Mutindi ordenou a transferência de 148 milhões de kwanzas dos cofres do governo provincial para os bolsos da sua filha.
Conforme verificado nos fluxos financeiros da Dabenda, Lda. analisados por este portal, os fundos pagos pelo Orçamento Geral do Estado serviram quase só para as despesas pessoais de Odalya Mutindi. Entre as despesas de relevo, contam-se pagamentos referentes a visitas regulares aos hotéis e restaurantes mais caros de Luanda, centros comerciais e lojas de luxo.
Os valores ora revelados são apenas uma amostra do desvario da família Mutindi no Kuando-Kubango. O Maka Angola tem informações fidedignas segundo as quais Pedro Mutindi já foi interrogado pelas autoridades competentes sobre os seus actos de pilhagem, assim como da sua família, estando também a filha na mira da justiça.
No entanto, há o caso do ex-director adjunto de gabinete de Pedro Mutindi, Jossi Hermenegildo Pedro, actualmente detido por um esquema similar ao de Odalya Mutindi. Então, porque não está Odalya Mutindi detida também? Ela nem sequer tem imunidade.
Através da empresa familiar Mavo Júnior, da qual é sócio-gerente, Jossi Pedro embolsou mais de 200 milhões de kwanzas por obras de reabilitação de escolas, limpeza de Menongue e arranjos de passeios que nunca realizou. O nível de roubo é de tal ordem, que torna inviável a saúde mínima do Estado angolano. Não resta senão levar por diante a promessa de João Lourenço: acabar com a corrupção, doa a quem doer.
Mano RM, tens um trabalho de jornalismo investigativo esclarecedor. Trazes factos com nomes, datas e números e lendo, sente-se a veracidade da informação. Vamos ajudar o man JLO no combate a corrupção. Em kikongo diz-se ” eludi kissassunda” significa “a verdade vencerá”. O presidente não está sozinho, está com a maioria dos angololanos na luta contra a corrupção.
Eu ainda acho que a obrigatoriedade no financiamento ao PIM deveria recair a alguns dirigentes e não ao estado.
A probabilidade de sucesso do PIM são irrisorias, o que poderá mais uma vez penalisar os cofres do estado.
Em forma de perdão, o governo deveria eleger as figuras que mais se “lambuzaram” e obriga-las a financiar o PIM.
O dinheiro (excedente) do fundo soberano deveria ser dirigido a projectos estuturados com destaque a Saude e Educação.
Construir estradas e reabilitar monumentos/edificios com o dinheiro do fundo soberano chega até a ser um insulto.
Minha nossa Angola, pátria querida.
CLAMOR DO POVO DO QUIAGE
No ano 2017, a administração do Bula Atumba inscreveu a obra de
terraplanagem do troço Quiage à sede Municipal, orçado em
320.000.000,00, adjudicada em duas empresas de forma confusa,
onde uma foi paga e não executou qualquer acção e a outra, sem
capacidade técnica e humana para executar, ao invés de
reabilitação, continuam a fazer desmatação sem qualidade. Um
trabalho que deixa muito a desejar. O mais grave é que não existe
fiscalização e o administrador “Manga” pensa saber tudo,
duvidoso com arrogância de ser grande técnico e político, comete
erros graves de gestão, convidamos os órgãos a fiscalizarem a
obra, porque o administrador está desviar o erário público,
através de contratação por negociatas entre as administrações e as
empresas prestadoras de serviços.
Em 2018, a obra foi transferida para a subordinação municipal
com orçamento de 320.000.000,00 e paga 103.604.429,62 pela
Administração municipal a favor de uma empresa tida de idónea,
a quem os actuais gestores entregam a empreitada sem a rescisão
de contrato com a primeira empresa, que nada fez. Até quando
esses marimbondos vão nos picar com muita raiva?
Mais uma réplica da outra isabel dos santos? Começam como testas de ferro, uma vez que nada sabem fazer na vida e servem de cobertura às supostas corrupções dos bandidos dos pais e cúmplices! Por que é que ainda não está detida para ir prestar contas e ser responsabilizada e a fortuna ilícita não é consficada! E o pai desgovernador também deve prestar contas! Onde pára a justiça?????
Angola terra de saques
Meus irmãos vamos orar pelo nosso país. Os culpados do sofrimento deste povo são os nossos governantes.
Prezado irmão/Kota Rafael Marques, só admirador de sua coragem, ao ler seus artigos vejo que Angola ainda pode mudar e se tornar um lugar melhor para todos Angolanos, sem distinção de cores da pele nem de etnias. A pilhagem perpetuada pelos dirigentes do partido no poder é grande, por isso o povo deve exigir que essas pessoas sejam julgadas e seus bens confiscados e revertidos a favor do povo que nunca pediu para ser rico, apenas para ter o básico.
Força, Foco e Fé e o que desejo para si e acima de tudo que Deus lhe abençoe e lhe proteja para possa continuar a denunciar os casos de corrupção e violações dos direitos humanos.
Eu ainda acho que a obrigatoriedade no financiamento ao PIM deveria recair a alguns dirigentes e não ao estado.
A probabilidade de sucesso do PIM são irrisorias, o que poderá mais uma vez penalisar os cofres do estado.
Em forma de perdão, o governo deveria eleger as figuras que mais se “lambuzaram” e obriga-las a financiar o PIM.
O dinheiro (excedente) do fundo soberano deveria ser dirigido a projectos estuturados com destaque a Saude e Educação.
Construir estradas e reabilitar monumentos/edificios com o dinheiro do fundo soberano chega até a ser um insulto.
MEU DEUS QUE ROBALEIRA ANGOLA FOI MESMO CASA DA MAMA MARIA QUE VERGONHA
Realmente só podemos lamentar o facto de homens como Pedro Mutindi,
que foi uma das referências para muitos jovens na região sul(Huila, Namibe, Cunene e K.K)
nos anos 80, pela sua entrega e fidelidade-patriótica à causa dos desfavorecidos desta Angola, não
tenha tido a capacidade mental de discernir que os tempos mudaram.
– A crise de valores da nossa Nação requer que se comece já, a constituição de novas referências, porque ela é profunda -.