Trabalhos Forçados para o MPLA em Nharea

A administradora municipal do Nharea (província do Bié) e primeira-secretária do MPLA, Maria Lúcia Ngaja Chikapa, tem estado a impor um regime de trabalhos forçados aos funcionários públicos que exercem cargos de chefia na sua área de jurisdição. Segundo depoimentos recolhidos pelo Maka Angola, os funcionários abrangidos são obrigados a dedicar “75 por cento do seu tempo laboral ao partido [MPLA] e 25 por cento à função pública.
Com efeito, directores de escola, adjuntos, coordenadores e professores (também incluídos) são obrigados a viajar pelas aldeias para fazerem trabalho de mobilização política, deixando ao longo de vários dias “muitos alunos sem aulas por causa dos trabalhos partidários”, denuncia um director que pede anonimato, por temer represálias.
“Há funcionários que passam quatro ou cinco dias [de trabalho] no partido [MPLA] e um a dois dias nos locais de trabalho, e não podem levar faltas porque, para a administradora, o importante é estar bem com o partido”, lamenta o alto funcionário público.
Além destas exigências que os desviam das suas verdadeiras funções profissionais, estes funcionários públicos têm ainda de contribuir obrigatoriamente com 30 por cento do seu salário para a campanha do MPLA. Os visados têm de “entregar sempre com quatro mil kwanzas [mensais], para as necessidades dos dirigentes do MPLA a nível local”, informa a testemunha.
“Para além das contribuições arbitrárias, que acontecem quase todos os meses, somos obrigados a pertencer ao partido da situação [MPLA] e a obedecer às suas falcatruas. É muita arrogância”, denuncia.
Todos os anos, os militantes do MPLA são obrigados a depositar uma quota equivalente a um por cento do seu salário anual na conta n.º 0301-540129-011 do Comité Provincial do MPLA.