Polícia Mata Esposa e Suicida-se no Cuango

Primeiro, o terceiro sub-chefe Gomes Júlio “Mambo”, de 60 anos, disparou contra o pé

da sua esposa — Felícia Veka, de 35 —, “para [ela] não fugir”. Trocaram mais algumas palavras e a seguir “Mambo” atingiu-a mortalmente no peito com um segundo tiro. O episódio ocorreu ontem no bairro Terra Nova, na sede do município do Cuango, província da Lunda-Norte.

Depois de matar a esposa, o terceiro sub-chefe “Mambo”, afecto ao comando municipal do Cuango, onde exercia a função de chefe de equipa, virou a pistola contra si e suicidou-se com um tiro na garganta.

De acordo com o activista local Joaquim Narciso e testemunhos de familiares, tratou-se de um crime passional.

Na véspera, 17 de Dezembro, a primeira esposa do sub-chefe Mambo — de nome Miriana, residente em Muxinda, município de Capenda-Camulemba — tinha-se deslocado ao Cuango para visitar a residência onde o marido vivia com Felícia Veka. Nessa visita, pretendia supostamente obter respostas sobre a ausência e a falta de apoio por parte do marido. As rivais tiveram uma acesa discussão, e Felícia não permitiu que Miriane se hospedasse em sua casa, tendo esta regressado à procedência.

Ao final do dia, quando o marido regressou a casa, o casal teve uma briga por causa do sucedido.

Os familiares e os vizinhos indicam que Felícia acusou o marido de gastar o seu salário com a outra esposa, ao que este retorquiu não ter sequer recebido ainda o correspondente a Dezembro.

No dia seguinte, domingo, Felícia foi à igreja e o marido ao serviço, na Primeira Esquadra, apesar de ser o seu dia de folga. Os colegas afirmam que ele apenas foi apenas passear, vestindo calções e camisola sem mangas.

Por volta das 16h30, marido e mulher encontraram-se na rua, a poucos metros de casa, e após uns breves minutos de discussão deu-se o trágico acontecimento.

Colegas e familiares removeram os corpos da rua por volta das 17h30 e colocaram-nos lado a lado no mesmo colchão, na residência dos malogrados, onde permaneceram, até que a Polícia Nacional os recolheu e depositou na morgue de Xá-Muteba.

“A sede do município do Cuango está sem morgue desde 2013. Mesmo a de Cafunfo está neste momento avariada. Os familiares que não têm dinheiro têm de enterrar logo os seus mortos. Aqui vivemos numa sanzala, sem água canalizada, energia eléctrica, mas esta é a área com mais diamantes aluviais em Angola”, lamenta o activista Joaquim Narciso.

Felícia Veka foi enterrada hoje, ao fim da tarde, na vila de Cafunfo, assim como o terceiro sub-chefe “Mambo”, no Cuango.

O Maka Angola tentou contactar o comandante municipal do Cuango, para um comentário oficial, mas este encontrava-se indisponível em reunião, não tendo depois retornado as chamadas.

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