Banco Chinês Suspende Crédito à Sonangol

O Banco de Desenvolvimento Chinês suspendeu recentemente a disponibilização de verbas à Sonangol através da linha de crédito de US $15 biliões que concedeu, em finais do ano passado, ao Estado angolano, de acordo com fontes do Maka Angola no Ministério das Finanças (MINFIN).

Do valor concedido, US $10 biliões são para uso da Sonangol. Metade do referido montante serve para cobertura dos projectos de produção de petróleo, enquanto a outra serve para o pagamento ou refinanciamento das suas dívidas, de modo a obter mais petróleo para aumentar os carregamentos para a China.

Até recentemente, mais de metade dos 50 a 60 carregamentos mensais de petróleo angolano foram para as grandes multinacionais, que operam os blocos de petróleo no país e que lhe permitem exportar cerca de 1.8 milhão de barris por dia. Quatro a cinco carregamentos foram directamente para a China, para pagamento de dívidas. Angola passou a dispor de cerca de 20 carregamentos para venda.

Como resultado do financiamento em questão, pelo Banco de Desenvolvimento da China, Angola aumentou, para seis, os carregamento de petróleo à China. Especialistas do sector petrolífero calculam que, com o aumento de carregamentos para as multinacionais, Angola tem, na prática, menos de 10 carregamentos mensais para venda, numa altura em que os preços de petróleo continuam baixos, causando grandes défices orçamentais. Em Fevereiro de 2016, por exemplo, Angola apenas teve disponível um carregamento para venda.

A suspensão deve-se, segundo o banco chinês, aos incumprimentos quer da Sonangol quer do MINFIN. Os contratos assinados não têm sido honrados com rigor e os fundos têm sido utilizados para fins indeterminados.

“Amigos, amigos, negócios à parte! Os chineses estão a apertar-nos”, desabafa a fonte do Maka Angola, que prefere manter o anonimato.

É do conhecimento deste portal que o referido banco já convidou a administração da Sonangol a deslocar-se à China nos próximos dias, para esclarecer os incumprimentos e tentar encontrar uma solução. Conforme a referida fonte, “por arrogância”, a administração de Isabel dos Santos não se dispõe a ir à China. Entretanto, está marcada, para 8 de Outubro próximo, a vinda de uma delegação chinesa para tratar do assunto em Angola.

Neste momento, o financiamento chinês é visto como a bóia de salvação da Sonangol. A petrolífera nacional já não tem os rácios exigidos no mercado internacional para contrair novas dívidas que lhe permitam aliviar o estado calamitoso em que se encontra. O Ministério das Finanças teve de contrair o empréstimo, servindo de testa-de-ferro da Sonangol. Desse modo, os fundos destinados à Sonangol são depositados nas contas do MINFIN, que depois os transfere para a petrolífera.

Sem o dinheiro da China, a Sonangol não está em condições de pagar os custos de produção de petróleo, uma vez que as receitas geradas com a venda do crude são insuficientes. Como admitiu o presidente José Eduardo dos Santos há dias, no Congresso do MPLA, estas verbas já estão destinadas ao pagamento da dívida do Estado e da própria Sonangol.

A petrolífera nacional queria usar parte dos fundos concedidos pela China para pagar os custos operacionais dos blocos de petróleo. Actualmente, deve cerca de um bilião de dólares aos operadores dos blocos, incluindo US $100 milhões à Chevron – cuja dívida queria saldar como prioritária. A Chevron é a segunda maior operadora em Angola, tendo sido responsável pela extracção de cerca de 20% do petróleo produzido em 2015. Segundo os contratos de partilha de produção, os fundos devidos aos empreiteiros dos blocos petrolíferos têm juros de mora bastante elevados.

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