Deputada Mihaela Webba Apoia Ideias dos Réus 15+2
A deputada da UNITA, Mihaela Webba, uma das seis declarantes hoje ouvidas pelo tribunal no processo dos 17 activistas acusados de actos preparatórios de rebelião, afirmou que deveria ser coarguida por corroborar das mesmas ideias dos réus.
Na sessão de ontem, que começou com três horas de atraso por dificuldades de acesso à residência de três dos réus, causadas por fortes chuvas que hoje pela manhã assolaram Luanda, e ausência de dois dos 17 arguidos, foram ouvidos seis dos sete declarantes notificados.
Mihaela Webba, notificada a comparecer em tribunal por o seu nome constar de uma das provas em julgamento, um projetado governo de salvação nacional, que deveria substituir o Governo legitimamente eleito, negou qualquer ligação ao referido documento.
Segundo Mihaela Webba, deputada do maior partido da oposição angolana, ficou a saber da referida lista por uma rede social, mas disse que nunca tinha sido contactada por ninguém e apenas tomou conhecimento da iniciativa quando foi tornada pública.
"Para mim este é um julgamento político. Também devia ser coarguida porque penso exactamente como cada um dos réus", afirmou a declarante.
Os declarantes seguintes, o ambientalista Vladimiro Russo, a jornalista Luísa Rogério e antiga secretária-geral do Sindicato de Jornalistas Angolanos, igualmente em pouco mais de 15 minutos cada um, negaram qualquer envolvimento ou conhecimento daquela iniciativa.
Por sua vez, o declarante Albano Pedro, referenciado no processo como sendo o autor do projectado governo de salvação nacional, afirmou tratar-se de "uma falha" dizer-se que o mesmo elaborou a lista.
Em declarações à imprensa, Albano Pedro, jurista, disse que o documento surgiu de um debate desencadeado nas redes sociais, em que terá lançado um desafio sobre a necessidade de se reflectir que figuras de referência política existiriam em Angola.
"Não havia nenhuma intenção de se criar uma lista como tal e nem havia a ideia de se criar um governo e a chamada lista, desse governo de salvação, que se diz, foi-se formando espontaneamente, porque foram vários internautas que foram contribuindo (…) alguns obviamente foram detidos, participaram da contribuição, foram dando nomes, etc, e penso que terão surgido por aí três listas, completamente independentes, algumas com mais figuras ligadas ao poder, que infelizmente não vi aqui, pude ver apenas uma", explicou.
O declarante disse que o resultado da pesquisa tinha como objetivo a elaboração de um artigo de opinião.
Para o advogado de defesa, Luís Nascimento, a contribuição do jurista Albano Pedro foi bastante esclarecedora, e a presença dos restantes declarantes – uma lista com mais de 50 nomes – não vai acrescentar "absolutamente nada" do que já foi dito.
"Por conseguinte, para pessoas com um mínimo de lucidez não pode encarar a tal lista como um ato de subversão. Isso acontece em vários países", disse Luís Nascimento.
Durante a sessão, foram igualmente ouvidos o chefe de departamento do Laboratório Central de Criminalística, José Alberto, tendo um dos declarantes, perito da mesma instituição sido dispensado, e Fernando Baptista, pai do réu Manuel Chivonde Baptista Nito Alves.
O julgamento será retomado na próxima sexta-feira, data em que os dois réus ausentes na sessão de hoje deverão apresentar os seus justificativos de falta.