A Liberdade e Detenção dos Sete Magníficos

A 20 de Setembro, sexta-feira passada, fui assistir ao julgamento dos nove manifestantes detidos a 19 de Setembro, no Largo da Independência, em Luanda.
 
Cheguei ao Tribunal de Polícia na companhia dos advogados da Associação Mãos Livres, Salvador Freire, Zola Bambi e Afonso Mbinda.
 
Levava comigo, a tiracolo, a minha câmara fotográfica. A audiência era pública, havia espaço para mais um, mas o sargento da polícia impediu a minha entrada. Alegou que só os advogados podiam entrar. O tribunal situa-se num edifício residencial. No exíguo corredor, à entrada da sala de audiências, estavam sentados, num banco corrido, seis ou sete agentes policiais. O ar era abafado, de fedor humano.
 
Um agente policial impediu a minha entrada na sala de audiências. Não contestei. Retirei-me do local e aguardei à entrada do prédio.
 
O Manuel de Vitória Pereira, de 55 anos, tarimbado sindicalista e dirigente do Bloco Democrático, foi o primeiro a sair em liberdade. O professor distribuía panfletos do seu partido, nas imediações do Largo da Independência, quando foi detido.
 
A defesa pediu que o julgamento sumário fosse registado em acta. Sem o registo, a juíza poderia ditar a sentença sem admissão de recurso. Para economia de tempo, a juíza adiou o julgamento para a próxima segunda-feira, às 8h30, e decidiu a favor da liberdade preventiva dos réus, sob termo de identidade e residência.
 
Adolfo António, Adolfo Pedro, Amândio Canhanga, António Ferreira, Joel Francisco, Pedro Teka, Roberto Gamba e Quintuango Mabiala, receberam as suas solturas.
 
Notava-se um entusiasmo, a celebração crescente à medida que os jovens libertados saíam do edifício exibindo orgulhosamente o seu sofrimento, as ordens de soltura e as feridas resultantes dos actos de espancamento e tortura a que foram submetidos nas esquadras policiais.
 
Por outro lado, o descontentamento dos agentes policiais, com a decisão da juíza de soltar os detidos, era vocal. “Não entendemos nada! Isso não pode ser!” vociferava um oficial da polícia. Havia um forte aparato policial à volta do tribunal, mas os agentes que acompanharam os detidos retiraram-se imediatamente do local.
 
Fiz dezenas de fotografias, individuais e de grupo. Gravei um pequeno vídeo com os jovens a cantarem “liberdade!”. Também entoaram cânticos contra o “ditador Zé Dú”.
 
Esses oito jovens libertados, que tiram o sono ao MPLA, partido no poder há 38 anos, nem sequer tinham dinheiro de transporte para se dirigirem à Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC), onde haviam passado a noite em detenção, para recolherem os seus haveres aí confiscados.
 
O jornalista Alexandre Solombe prontificou-se a dar boleia a alguns deles. Seguiram-no para a sua viatura, estacionada do outro lado do Largo do Serpa Pinto, à Maianga.
 
Lembrei-me que tinha feito muitas fotografias, mas não tinha recolhido dados suficientes para escrever um artigo sobre a experiência dos manifestantes. Queria saber pormenores da sua situação e tinha interesse particular em escrever sobre aqueles que tinham sido sujeitos a actos de violência.
 
Marchavam apressados, esfomeados e eufóricos. Estavam já há mais de 200 metros do tribunal quando me apercebi da falta de material. Segui-lhes apressadamente. Telefonei ao Alexandre Solombe e pedi-lhe que esperassem por mim.
 
O Cerco e a Detenção
 
Ali mesmo, entre o carro do Alexandre Solombe e o tapume da construção de um edifício, num cruzamento, comecei por entrevistar o Adolfo António, de 23 anos, detido mesmo no Largo da Independência, às 15h15 do dia 19 de Setembro.
 
Entretanto, pedi a um jovem que corresse para chamar os outros “libertados”, que já se encontravam a mais de uma centena e meia de metros do local onde estava a realizar as entrevistas.
 
Adolfo António contou ter sido arrastado pelos agentes da Polícia Nacional no dia da manifestação, que o pontapeavam por todo o corpo “por ter teimado em chegar até ao largo”. Na DPIC, “um comandante, conhecido apenas por Pincho, deu-me duas bofetadas na cara por ter cumprimentado os meus colegas que aí encontrei”, disse.
 
“O comandante Pincho, quando nos encaminhou para as cela, pediu ao chefe de cela e aos outros presos para nos torturarem. Os outros presos reconheceram que estamos a lutar por uma causa justa e não nos tocaram”, acrescentou.
 
Roberto Gamba “Pastor”, de 24 anos, referiu que o seu grupo, de mais de 10 elementos, foi o único que conseguiu romper o cerco, no Largo da Independência. Chegaram até ao São Paulo, a vários quilómetros de distância do largo.
 
“Uma patrulha estava ao nosso encalço e alguns de nós fomos capturados. Deram-nos tanta porrada no local, pisotearam-nos de tal forma dentro do carro patrulha, que eu e o Quintuango Mabiala “Dimas Roussef”, desmaiámos”, explicou Pastor.
 
Encaminhados à 9ª Esquadra, do Sambizanga, os jovens mereceram recepção por parte do comandante Francisco Notícia, que ganhou notoriedade na repressão de manifestantes. “O comandante tinha todos os dados sobre a minha vida pessoal e íntima. Ele [o comandante] disse-me que eu sou uma ameaça para o Sambizanga”, contou o jovem.
 
Pastor falou ainda sobre um alegado “estudo de viabilidade que havia sido feito” para o raptarem e que lhe foi revelado pelo comandante Francisco Notícia. “O comandante, perguntou-me onde tinha recebido treino de segurança para escapar às ciladas, uma vez que eles [a unidade local] têm todos os meus movimentos controlados”, disse o Pastor.
 
De aspecto franzino, Pastor queixou-se de fortes dores de peito, devido aos espancamentos, e concluiu o seu depoimento dizendo “estou traumatizado”.
 
Entretanto, já nessa altura havíamos notado o barulho das sirenes policiais nas cercanias e movimentos à nossa volta. Um comboio de cinco viaturas da Polícia de Intervenção Rápida (PIR), incluindo dois carros de assalto com pintura de camuflagem, passaram por nós.
 
Solicitei a alguns jovens que acompanhavam as entrevistas para que se retirassem do local para evitar aglomeração. Ficámos, para além dos oito jovens soltos, eu, o Alexandre Solombe e o Coque Mukuta, correspondente da Voz da América, que se havia juntado a nós minutos antes.
 
Alguns jovens, muito desconfiados, notaram logo que estávamos a ser cercados. Acalmei-os dizendo que não havia razão para temores. Tinham sido libertados, tinham os seus termos de soltura e tínhamos todo o direito de estar ali a conversar.
 
A seguir, Amândio Canhanga, de 20 anos, apresentou-se com o seu nome de luta, “Sita Valles”. Perguntei-lhe porquê havia adoptado o nome de uma mulher e uma das mais conhecidas vítimas dos massacres do 27 de Maio de 1977, protagonizado pelas forças leais ao então presidente Agostinho Neto.
 
Mencionou-me o caso do Manuel Chivonde Baptista Nito Alves, de 17 anos, seu companheiro de luta, que se encontra detido há mais de uma semana, confinado numa cela solitária e sem direito a banho. O menor teve a intenção de chamar ditador ao ditador, através da impressão de 20 t-shirts.
 
Nito Alves, como é conhecido, traz à memória o líder da facção anti-Neto, Nito Alves, capturado e fuzilado sem direito a julgamento, no rescaldo do 27 de Maio de 1977.
 
Outros jovens também adoptaram nomes históricos da facção do Nito Alves, todos fuzilados sem julgamento. Reconhecem-se naqueles que foram derrotados, esmagados. Porquê?
 
Não pude continuar a inquirir porque minutos depois, o comboio dos “Ninjas” parou a poucos metros da nossa posição e cerca de 45 agentes tomaram posições, com os seus escudos, metralhadoras, lançadores de gás lacrimogêneo, e toda uma parafernália de assalto.
 
Amândio Chanhanga, com a camisola rasgada pelo oficial que o capturou, ainda teve tempo de falar dos dois tabefes que apanhou. “Foi o oficial António Vale quem me bateu”.
 
António João Ferreira “Belenguete Weza”, de 29 anos, deu o seu nome. Foi o último registo no meu bloco de notas.
 
Poder Judicial Solta, Polícia Detém à Força
 
Os Ninjas, com os seus escudos, tinham-nos envolvido e estávamos à sua mercê. Inicialmente, o grupo de oficiais que nos abordou perguntou o que estávamos ali a fazer. Os jovens exibiram todos as suas ordens de soltura. Os três jornalistas, eu o Alexandre Solombe e o Coque Mukuta, explicámos que estávamos a recolher depoimentos sobre a audiência de julgamento. O oficial disse-nos que nos tínhamos de retirar dali.
 
O Joel Francisco entrou para o carro do Alexandre Solombe, e mais alguns manifestantes. O Adolfo Campos preocupou-se comigo e queria antes que fosse eu a entrar para o carro. Nessa discussão cerimoniosa sobre quem deveria entrar para o Audi 6 e quem deveria ficar, os oficiais trocaram ordens por telefone.
 
Os que já se encontravam no interior da viatura foram obrigados a sair. Já não houve mais perguntas, só ordens e brutalidade. Encaminharam-nos para um carro policial de transporte fechado. Procedeu-se à recolha dos nossos telemóveis e da minha câmara fotográfica.
 
Os captores não nos informaram da causa da nossa detenção ou para onde nos levariam. Anotaram os nossos nomes e passaram a informação à hierarquia superior. Ficámos algum tempo à espera, no interior da viatura. Entre nós faltava Quintuango Mabiala, o oitavo jovem libertado nesse dia pelo tribunal. Desapareceu do nosso meio.
 
Pouco tempo depois, um jovem muito bem vestido, de fato e gravata, entrou para a viatura. Cumprimentou-nos e logo deu-me um aperto de mão e disse que era um grande prazer conhecer-me. Julgámos logo que se tratava de um oficial dos serviços de segurança, ou que seria representante de alguma ordem superior. A ordem superior, sem rosto, é o segundo maior poder em Angola, a seguir ao do presidente dos Santos.
 
Um dos agentes recebeu ordens para anotar os nossos nomes. Só então fixei o nome do homem do fato, Mário de Carvalho. Passou a informação à hierarquia superior. Ficámos algum tempo à espera, no interior da viatura.
 
Travámos uma conversa amena e bastante cordial. Falámos um pouco em inglês, ao que o Pedro Teka, um dos manifestantes, interveio também em inglês e outro seguiu-se-lhe. Os agentes manifestaram alguma surpresa ao ver aqueles jovens, recentemente descritos pelo presidente da República, como um bando de “frustrados” sem educação, a falar numa língua estrangeira.
 
A conversa do Mário de Carvalho teve um efeito calmante apesar de alguns jovens se terem sentido irritados com o seu tom conciliador.
 
Levaram-nos à principal unidade da Polícia de Intervenção Rápida, na zona dos quartéis, na Calemba. A fachada principal dava um ar digno e respeitável à unidade, restaurada. Nas traseiras, encontram-se umas barracas, em grande estado de degradação. Não me contive e perguntei aos nossos captores se aquelas barracas em tão mau estado eram os dormitórios daquela tropa de elite. “São as nossas salas de boxe”, respondeu um agente da PIR. Um dos jovens, inquieto, perguntou se nos levariam para aquelas salas para sermos espancados. “É aqui onde nos vão boxear?”, perguntou.
 
A viatura parou. Logo notámos que éramos boa caça.
 
Pela janela pude observar um dos comandantes, que dirigia a parada, caminhar em nossa direcção.
 
Entretanto, passámos a ser um espectáculo curioso para os restantes Ninjas que se encontravam na unidade. Os jovens manifestantes constituíam uma atracção. Trouxeram uma operadora de câmara, a Celestina Jacinto “Zuca”.
 
Zuca, fardada a rigor com o uniforme de campanha da PIR, reconheceu os jornalistas. Teve uma epifania, antes de subir para filmar-nos como troféus, humilhados em mais uma batalha ganha pela força brutal dos seus colegas. “Vocês entendam que estou aqui apenas a fazer o meu trabalho”, disse antes de nos filmar.
 
Mas os seus colegas queriam imagens mais fortes e instaram-na a subir para a viatura. Fez mais imagens, de perto. Mais encorajada, com a presença do tal comandante que se encontrava a dirigir a parada, Zuca mudou o discurso, lançou uns impropérios contra nós e desceu do veículo, satisfeita com as imagens captadas.
 
O comandante ordenou, com insuperável arrogância, que nos deitássemos todos de barriga para baixo, no interior da viatura, no corredor entre os bancos. Tínhamos de manter os rostos para baixo e não olhar para ninguém. Eram as ordens. Os sete jovens e o Coque Mukuta fizeram um embrulho de corpos humanos, entrelaçados por falta de espaço. O Alexandre, o Mário e eu tivemos mais espaço para nos estirarmos ao comprido, eu ligeiramente deitado sobre os dois.
 
O comandante, que veio da parada, subiu para a viatura e pisoteou-me nas costas com toda a força. Eu tinha a cabeça mesmo rente à porta. Olhei à revelia. Reconheci o tal comandante. O seu uniforme de gala, o seu rosto e a sua tez bastante clara distinguiam-o do resto da tropa. Pisou outros também.
 
Desceu. Lá fora era um festival de ameaças e impropérios. “Devem ser fuzilados!”, “porquê não são mortos já?”, “matem esses gajos, só dão trabalho”. Seguiram-se dois Ninjas enormes. Entraram para a carrinha e com as suas botas pesadas pisotearam também os prisioneiros.
 
Um dos agentes teve a gentileza de pedir-me para tirar os óculos da cara, para que não se me partissem na cara, “para não te aleijar quando te batermos”. Mandou-me baixar a cabeça e senti apenas um violento golpe na nuca. Não sei com que instrumento me assestaram. Ainda sinto as dores.
 
Nessa altura, também já haviam recolhido todos os termos de identidade e residência emitidos aos sete jovens.
 
Pensei no tempo. Queria saber há quanto tempo estávamos ali.
 
Em revista, pensei na resistência dos jovens que têm sido sujeitos a brutalidades piores desde há dois anos. Alguns deles têm já mazelas e cicatrizes profundas que os afectarão para a vida toda.
 
Esses jovens não têm direitos legais, constitucionais, aos olhos da ordem política do presidente José Eduardo dos Santos. São filhos que devem obedecer a um pai ditador. Ponto final.
 
A minha admiração e respeito por eles cresceu. São os heróis criados pela bestialidade dos homens do presidente. Estes já não conseguem disfarçar a sua incapacidade política e intelectual para resolver a pressão deste grupo de jovens, auto-denominado de Movimento Revolucionário, por uma via que não seja a da violência.
 
A Transferência
 
Nessa altura, pela segunda vez no mesmo dia, os agentes da PIR anotaram os nossos nomes, filiação e moradas. Um dos oficiais achou o processo demorado. Não completaram. Era mais uma encenação. A passagem pela PIR era apenas para “recebermos uma lição”. O tal comandante ordenou a transferência, um de cada vez, com instruções para manter o rosto para baixo, para uma camionete de transporte de detidos. Juntaram ao grupo dois outros homens, desconhecidos, ambos de calções e chinelas.
 
Sem qualquer explicação o carro levou-nos para parte incerta, com as sirenes ligadas. Pelo caminho podíamos ver o trajecto. Um dos homens de chinelas urinou ali mesmo na viatura, à vontade. Fomos parar à Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC). Ali, o chefe do piquete cumprimentou o jovem que urinou na viatura. “Esse é o nosso colega do Sinfo (Serviços de Informação, actualmente designado SINSE), da unidade aqui ao lado”, disse. Alinharam-nos em fila indiana e fomos encaminhados em direcção às celas.
 
No corredor, para as celas, um oficial anotava, pela terceira vez naquele dia, os nossos nomes. Era outro teatro. A PIR procedeu à entrega de todas as solturas dos jovens. Pediram-nos para retirar os cintos, fios, anéis, atacadores, carteiras. Mas só os três jornalistas e o Mário de Carvalho mantinham tais objectos. Os jovens, ironicamente, quando saíram do tribunal iam a caminho da DPIC para recolher os seus haveres. Tinham passado a noite em detenção naquelas celas e lá lhes haviam sido confiscados. Só então me apercebi que os seus calçados não tinham atacadores, que nenhum deles tinha cinto. Dispensavam aquele procedimento para entrar para as celas. Já estavam preparados.
 
Jornalistas em Liberdade, Cárcere para os Jovens
 
Um dos investigadores veio com ordens para levar os jornalistas ao gabinete do director-provincial da DPIC, Vidal Sermão, com todos os seus pertences. Os agentes indicaram Alexandre Solombe e o Coque Mukuta. Este insistiu que eu também era jornalista. O oficial em questão pediu-me uma identificação e entreguei-lhe o meu bilhete de identidade. Questionou a minha relação como jornalista. No entanto já dois ou três dos investigadores ou oficiais que se encontravam no pátio por onde passámos, abordaram-me como “o jornalista”.
 
Senti-me mais tranquilo, podia ficar ali com os manifestantes. Afinal, se eram suspeitos de ter cometido algum crime, esse só poderia ter sido o facto de terem parado para conversar comigo, até sermos detidos.
 
Passado o teatro, devolveram-nos os bens apreendidos pelos Ninjas. A minha câmara fotográfica tinha sido danificada. O cartão e a bateria retirados. O meu telemóvel foi devolvido sem bateria. O Mário de Carvalho recebeu o seu iPad partido. Ali ficámos a saber que foi retirado do seu gabinete, à força, por supostamente ter captado imagens da nossa detenção, com o seu iPad. Foi-lhe restituída a sua liberdade. Os dois telefones do Alexandre tinham as câmaras fotográficas destruídas, como se lhes tivessem arrancado as córneas dos olhos com uma faca.
 
Lá fomos parar ao gabinete do chefe. Um amplo espaço bem mobilado.
 
O responsável adjunto da DNIC disse-nos que não havia qualquer suspeita ou acusação contra nós e, passadas mais de quatro horas, éramos livres. Protestámos contra o que nos tinha acontecido, explicámos, cada um por seu turno, o sucedido.
 
Perguntámos sobre o que aconteceria aos jovens. Percebemos logo que ficariam detidos apesar das respostas esquivas do responsável. Perguntámos sobre quem nos ressarciria pelos danos causados, mostrámos o material danificado.
 
Vidal Sermão, como um diligente burocrata, falou sobre o nosso direito de apresentar queixa. Era o único direito que nos parecia restar. Mas a quem apresentar a queixa? Quem determinará a sentença e quem a fará cumprir?
 
Os jovens foram detidos, encaminhados a tribunal, que os devolveu à liberdade. Gozaram a liberdade por 20 minutos e foram novamente detidos sem acusação. Então, os jovens estão presos por que razão? Ficam detidos até quando? Ainda por cima com maus tratos, testemunhados e vivenciados por jornalistas através dos actos sinistros da PIR.
 
Os sete detidos são os sete magníficos. Sou testemunha da coragem destes jovens e da sua teimosia em conquistar a liberdade e provocar mudanças na sociedade.
 
Com dois terços da população com menos de 25 anos de idade, Angola é um dos países do mundo com uma população mais jovem. E perante a corrupção e as injustiças do seu país, a força e a coragem da juventude são uma esperança para todos os angolanos.
 
Esses sete magníficos, entre muitos outros que já passaram pelas celas da polícia, por acreditarem numa Angola mais livre e mais justa, são disso um exemplo maior.

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