MPLA Fomenta Seitas Religiosas
Por Alfredo Muvuma:
Tal como o exercício do comércio informal, aparentemente liberalizado a todos os interessados, com fogareiros para assar milho e bómbó ao virar de cada esquina da cidade, também o licenciamento de igrejas e seitas religiosas aparentemente obedece ao mesmo critério de anarquia.
Assim se entende a explosão de denominações religiosas que se multiplicam mais do que cogumelos. Aparentemente, tão produtiva é a safra de proliferação de seitas religiosas em Angola, que se esgotaram os nomes para as novas denominações. Muitas delas vêem-se na contingência de adoptar designações risíveis, quando não assustadoras. A Igreja Universo do Fogo de Deus é, aparentemente, a criação de alguém que se quer vingar da Igreja Universal do Reino de Deus, ou imitar o sucesso desta multinacional de exploração comercial da fé.
A escassos metros da Igreja do Fogo, à Rua do Câmara, no Golfe, nasceu outra aberração, a Igreja da Invasão Cristã.
Mas todas estas aberrações não são nada quando comparadas com a incógnita que é a mais nova coqueluche do regime, uma seita cuja designação ainda não é conhecida. O que se sabe apenas é que o seu traço distintivo são as cores vermelha e amarela. Os pastores ou apóstolos da nova seita partidária não fazem cerimónia nenhuma em exibir cachecóis e outros materiais de propaganda do MPLA e aceitam, sem o mínimo constrangimento, fazer campanha eleitoral a favor do partido no poder.
A relação promíscua entre o MPLA e as seitas religiosas ganhou um cunho mais público com a ascensão de Bento Bento, há alguns anos, ao cargo de primeiro secretário do partido em Luanda, função que acumula com a de governador. Com a sua chegada ao governo provincial da capital, o populista Bento Bento cuidou de arregimentar igrejas e seitas de uma forma ostensiva e de transformá-las em segmentos políticos e eleitorais do MPLA. Em muitas ocasiões, Bento Bento usou até da palavra em púlpitos para pregar a vontade do seu partido, com direito a cobertura noticiosa de destaque na Televisão Pública de Angola (TPA).