Kundi Paihama: o Incendiário do Regime

 Por Nelson Sul D’Angola:

O ministro dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria, general Kundi Paihama, na qualidade de membro do Bureau Político do MPLA, presidiu ontem, 4 de Agosto, na província de Benguela, a um comício eleitoral no Estádio Nacional de Ombaka.

Desde as primeiras eleições multipartidárias de 1992, cabe sempre ao general Kundi Paihama a coordenação da campanha eleitoral do MPLA em Benguela, devido sobretudo à sua oratória incendiária.

O general Kundi Paihama animou uma audiência de cerca de 30 mil espectadores, usando sempre a linguagem do período de guerra, de um MPLA construtor e de uma UNITA destruidora.

No seu discurso, o general fez menção ao incidente ocorrido na passada sexta-feira, que culminou em actos de agressão física de militantes da UNITA contra um responsável de educação do MPLA, numa disputa sobre colocação de bandeiras e panfletos partidários. Por sua vez, durante a intervenção da Polícia Nacional, os seus agentes espancaram um responsável  e alguns militantes da UNITA, e efectuaram disparos contra outros dois, que saíram ilesos. A Polícia Nacional deteve quatro membros da UNITA, actualmente ainda detidos.

Reportando-se ao caso, Kundi Paihama afirmou, de modo enérgico, que  os que tentarem  lutar contra o MPLA ou o seu presidente “vão ser varridos”.

Inspirado, o membro do Bureau Político do MPLA recordou a revolução popular em curso na Síria, contra o regime ditatorial de Bashar Al-Assad, e apelou aos militantes do seu partido para mobilizarem esforços na defesa do MPLA e do presidente José Eduardo dos Santos. O ditador angolano encontra-se no poder há praticamente 33 anos, sem nunca ter sido eleito pelo povo.

O general insurgiu-se também contra a informação independente que tem circulado nas redes sociais, como o Facebook, onde amiúde são denunciados casos de corrupção envolvendo altos dirigentes do MPLA e do governo, incluindo o próprio Kundi Paihama. Um desses casos, anteriormente exposto no Maka Angola, envolve a mansão milionária do general Paihama na cidade do Lubango, Huíla, avaliada em US $10 milhões.

Para o general, as denúncias são apenas actos de invejosos e indivíduos de má-fé, que procuram travar o desenvolvimento do país liderado, obviamente, pelo presidente José Eduardo dos Santos e pelo MPLA.

Dado o clima de tensão pré-eleitoral vivido em Benguela e noutras regiões do país, e os confrontos  já registados, é no mínimo irresponsável qualquer intervenção dos líderes partidários que não condene inequivocamente actos de violência. No entanto, o tom incendiário de Kundi Paihama e as suas declarações sobre a capacidade do seu partido em “varrer” a  UNITA, contribuem, pelo contrário, para agravar a tensão existente e configuram actos  de incitação à violência, constituindo assim uma violação ao Código de Conduta Eleitoral.

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