Estradas Nacionais Arruínam as Empresas de Transporte de Mercadorias

Apesar de o presidente da República ter anunciado a conclusão da Estrada Nacional 230, que vai da vila Maria Teresa até Saurimo, passando por Malanje , as dificuldades de circulação no troço entre o Rio Lui e Cacolo, numa extensão de aproximadamente 360 quilómetros, são um tormento para quem por lá passa e precisa de usar a via para transportar bens de primeira necessidade, combustível e equipamento mineiro.

Em Angola, o escoamento de mercadorias depende em 95% do transporte rodoviário. Porém, a falta de ampliação e manutenção das redes viárias compromete seriamente a actividade das empresas de transporte de mercadorias e equipamento e dos motoristas, que, de acordo com Paulo Bechimol, presidente da Associação de Transportadores Rodoviários de Mercadorias de Angola (ATROMA), ficam muitas vezes à beira da falência, porque “os custos com as reparações e imobilizações de camiões são incalculáveis”.

Determinação, resiliência, espírito de sacrifício e patriotismo são alguns dos adjectivos com os quais a Associação classifica os motoristas e seus patrões, que diariamente se aventuram no transporte de carga da capital do País para as províncias do Leste e de Cabinda.

A segurança dos utilizadores das estradas é em muito afectada pelo péssimo estado dos pavimentos, pela falta de sinalização e, em alguns casos, pela ausência de legislação e supervisão.

A inobservância das normas do código de estrada e a não fiscalização do limite do peso por eixo são questões essenciais e com consequências para os utilizadores e para o país. De acordo com a ATROMA, só a instalação de balanças nos principais eixos rodoviários permitirá combater este problema.

O presidente da Associação de Transportadores considera que, “nos casos em que a carga é proveniente do exterior do País, o seu controlo documental deveria fazer-se com o auxílio do Conselho Nacional de Carregadores, Alfândegas e Portos de entrada”.

 “É nosso entendimento que o ministério da construção, à semelhança dos outros países da SADC, deve implementar regulamentação adequada à nossa realidade e que traga benefícios à preservação das redes viárias, para que a sua manutenção e reparação deixe de ser, a médio prazo, um investimento enorme na respectiva rubrica do Orçamento Geral do Estado”, diz Paulo Bechimol.

Por onde passam as soluções 

Na opinião de Bechimol, é necessário conceber soluções definitivas de médio prazo, bem como é indispensável implementar o conceito utilizador/pagador.

Segundo o responsável da ATROMA, o controlo do peso por eixo e a implementação de portagens nos principais eixos viários vai contribuir para a redução de despesas com a manutenção das estradas e, por outro lado, diminuirá os gastos dos utilizadores com reparações e imobilizações nas estradas.

Os tempos de entrega das mercadorias e os altos custos variáveis com as reparações decorrentes do mau estado das estradas também diminuirão para as transportadoras. Para a ATROMA, o Estado deve equacionar a implementação das concessões por troços de estrada, delegando aos concessionários a manutenção e a reparação dos mesmos com a receita proveniente das portagens, fazendo com que os altos custos de reparação das estradas deixe de impactar no OGE.

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