Activistas e Familiares em Conferência Contra a Intolerância Política em Angola

Activistas angolanos, familiares dos jovens condenados a prisão por rebelião, músicos e políticos reúnem-se amanhã, no sábado, nos arredores de Luanda, numa conferência "contra a intolerância política" envolvendo o portal de investigação Makaangola, do activista Rafael Marques, e a Rádio Despertar.

A iniciativa surge na semana em que passa um ano (20 de Junho de 2015) das primeiras detenções em Luanda no caso dos 17 activistas, entretanto condenados até oito anos e meio de prisão por actos preparatórios para uma rebelião e associação de malfeitores, pena que começaram a cumprir em Março, apesar dos recursos da defesa.

"A sociedade civil tem de se mobilizar e liderar a denúncia dos constantes atropelos à dignidade da pessoa humana que acontecem quotidianamente em Angola", referem os organizadores da iniciativa de sábado, em Viana [Centro de Conferências da Sovsmo], arredores de Luanda, no texto enviado à Lusa pelo jornalista e activista angolano Rafael Marques.

O programa prevê painéis temáticos com a participação de várias associações cívicas angolanas, música de intervenção e testemunhos transmitidos por familiares dos jovens activistas condenados no processo que ficou conhecido por ‘15+2', numa alusão aos 15 detidos em Junho de 2015, e às duas jovens constituídas arguidas mais tarde e que também cumprem pena de prisão desde 28 março.

"Será uma forma de declarar ao mundo o apoio incondicional aos ‘15+2', e servirá também para revelar a existência em Angola de uma sociedade civil liderante e capaz de enfrentar os desafios da liberdade e da plena cidadania", defendem ainda os organizadores desta conferência, de solidariedade ainda com "todos os presos e perseguidos em Angola".

Afirmam o país vive "uma situação dramática", com "sérias reservas sobre o funcionamento e a independência da Justiça, ao mesmo tempo que se sucedem as denúncias de atropelos de Direitos Humanos".

No evento de sábado, além de músicos, está prevista a participação, num painel de partidos políticos, de intervenções de dirigentes da UNITA, CASA-CE e Bloco Democrático, e um outro dedicado às "vítimas da intolerância política", com a análise de vários casos polémicos no país nos últimos meses.

"Não há liberdade, democracia e pessoa humana digna sem a existência de uma sociedade forte, interventiva e desamedrontada. A liberdade de viver sem medo é a primeira das muitas liberdades que devem ser implementadas em Angola", conclui a nota dos organizadores da conferência.

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