Mais Um Garimpeiro Torturado no Cuango

Guardas da empresa privada de segurança Bicuar torturaram na passada Quinta-feira, 17 de Outubro, o garimpeiro Roques David, depois de o terem aprisionado na área de Candaje, nas imediações da foz do rio Cuango.

Roques David foi obrigado a despir toda a roupa e em seguida torturado pelos guardas com golpes de pá em todo o corpo.  O garimpeiro apresentava ferimentos na cabeça e nas costas em resultado da tortura a que foi submetido.

Roques David foi detido por um grupo de quatro guardas da Bicuar quando se dirigia para a zona de garimpo de diamantes de Candaje em companhia de outros garimpeiros. Os homens preparam o pequeno-almoço quando foram surpreendidos pelo grupo de guardas da Bicuar e puseram-se em fuga. Roques David tentou fugir correndo até a margem do rio Cuango mas foi detido pelos guardas.

Depois de torturado, o garimpeiro foi solto e foram-lhe devolvidos os materiais de garimpo, incluindo baldes e pás.

Um outro garimpeiro do mesmo grupo, Samassone Kamoyo, de 27 anos, ter-se-á atirado ao rio Cuango durante a fuga e continua desaparecido.

Roques David, de 35 anos, natural de Capenda Camulemba, é residente em Cafunfo.

Guardas da Bicuar, empresa ao serviço da Sociedade Mineira do Cuango, têm estado repetidamente envolvidos em vários actos de violência contra garimpeiros e aldeães na região de Cafunfo.

A Bicuar substituiu, desde Março de 2012, uma outra empresa – Teleservice – na prestação de serviços de segurança à Sociedade Mineira do Cuango, que explora diamantes na região.

Várias denúncias têm sido feitas à impunidade dos gestores da Sociedade Mineira do Cuango, uma empresa de exploração de diamantes formada pela Endiama, a ITM-Mining e a Lumanhe. Esta última, que detém 21 porcento da sociedade, é conhecida como “a empresa dos generais” e tem como sócios vários dirigentes governamentais e altas patentes das Forças Armadas Angolanas.

A região diamantífera das Lundas tem sido palco de sistemáticas violações de direitos humanos, incluindo dezenas de casos de tortura e assassinato, perpetrados por membros das Forças Armadas Angolanas e guardas de empresas privadas de segurança ao serviço das empresas diamantíferas, particularmente a Sociedade Mineira do Cuango.

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