A Casa Militar do Presidente e os Raptos

Passam agora duas semanas desde o rapto de Alves Kamulingue, 30 anos, a 27 de Maio, quando circulava, ao meio-dia, na baixa de Luanda. Kamulingue dirigia-se a uma manifestação que deveria ter juntado antigos membros da Unidade de Guarda Presidencial (UGP) e antigos combatentes, para a reclamação de pensões. A 29 de Maio, o seu companheiro Isaías Cassule, de 34 anos, um dos organizadores da manifestação, também foi raptado, ao anoitecer, no município do Cazenga. Isa Rodrigues, a esposa de Kamulingue, tem recebido chamadas anónimas a dar conta do suposto paradeiro dos desaparecidos algures numa unidade policial na periferia de Luanda. Esses rumores começaram a ser espalhados, entre jornalistas também, para contrapor outros que correm na internet, segundo os quais os raptados terão sido executados. Os números anónimos são, de seguida, desligados, para que as famílias se vejam impossibilitadas de ligar de volta e pedir mais explicações. De certo modo, […]

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BAI à Lavandaria do Regime

O mercado financeiro do país tem sido liderado, nos últimos anos, pelo Banco Angolano de Investimentos (BAI), uma instituição bancária nacional que antes atendia pelo nome de Banco Africano de Investimentos. A estrutura societária deste banco reflecte, de certo modo, o seu sucesso e a institucionalização da transferência de capitais públicos para o enriquecimento ilícito de dirigentes. Avaliado em US $8 biliões de dólares, o BAI apresenta actualmente uma carteira de depósitos e créditos estimados, pelo Banco Nacional de Angola, em US $10,4 biliões e US $3.2 biliões, respectivamente. Por altura da sua criação, em 1996, a Sonangol surgia como o principal investidor, com 18,5 por cento das acções. No entanto, ao longo dos anos, a Sonangol discretamente transferiu dez por cento das suas acções para a titularidade privada de altos dirigentes, para além dos que já mantinham participação considerável no capital do banco. Como ilustração, abaixo se apresenta apenas […]

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Manuel Vicente: A Transparência do Corrupto

Com a marcação das eleições para 31 de Agosto, a recente apresentação do Memorando de Actividades do Executivo, referente ao primeiro trimestre de 2012, ganha nova dimensão. O ministro de Estado e da Coordenação Económica, Manuel Vicente, apresentou o memorando à imprensa, exaltando, de forma pormenorizada, os progressos económicos do governo. Falou da construção de fábricas, escolas e habitação social, de investimentos em infra-estruturas e transportes. O ministro também sublinhou a inauguração de emissores das rádios provinciais e centros regionais de televisão. Qualquer observador menos atento poderia ser levado a pensar que Angola está a viver uma fase de verdadeiro progresso económico e social, segundo a descrição feita pelo ministro. O crescimento económico do país é inegável e deve-se, sobretudo, ao aumento da produção de petróleo e dos preços no mercado internacional. No entanto, o cenário descrito por Manuel Vicente deixa de fora a grande maioria da população angolana, que […]

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