O Centro Comercial de Mota Liz: Ilegalidades e Má-Fé

Como se pode lutar contra a corrupção, quando altas figuras do sistema judicial, responsáveis pelo zelo da legalidade, são as primeiras a agir à margem da lei? É esta a pergunta essencial suscitada pelo caso de Luís de Assunção Pedro da Mouta Liz, reputado vice-procurador da República de 53 anos mais conhecido como “Mota Liz”. Na sua qualidade de “empreendedor”, o procurador está a construir um centro comercial – um negócio lucrativo pessoal – em clara violação do Estatuto do Ministério Público no que se refere à dedicação exclusiva ao exercício do cargo de magistrado. Em Setembro passado, já incidindo sobre o caso Mota Liz, reportámos a apropriação ilegítima de um terreno em Luanda por uma alta entidade pública, bem como as confusões daí resultantes. Desde então, o Maka Angola tem aprofundado as investigações e está em posse de novos documentos que permitem esclarecer o pântano de ilegalidades do processo […]

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Os Esquemas do Presidente do Banco BIC

No penúltimo leilão de divisas do Banco Nacional de Angola, a 24 de Janeiro, o Banco BIC beneficiou de 16 milhões de dólares para as operações de fixing. Desta verba, mais de dois milhões e 500 mil dólares foram parar às contas de quatro empresas do presidente do Conselho de Administração do Banco BIC, Fernando Leonídio Mendes Teles, e dali transferidas maioritariamente para Portugal, bem como para o Reino Unido e Itália. Segundo apurou o Maka Angola, três das empresas beneficiárias são a Anglopig, Lda., a Tecnopig, Lda. e a Agro-Quibala, Lda., todas criadas a 15 de Novembro de 2013. As três empresas têm a mesma estrutura accionista, com Fernando Teles a deter 80 por cento do capital em cada uma delas, enquanto a sua esposa, Maria Laurentina Almeida e Silva Teles, detém os restantes 20 por cento. Por último, a Agrozootec, Lda., criada a 23 de Setembro de 2010, […]

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Banco Bloqueia Esquema de Isabel dos Santos

Recentemente, o Standard Chartered Bank recusou continuar a efectuar os pagamentos da Sonangol a uma empresa-fantasma de Isabel dos Santos — a Wise Intelligence Solutions, registada no paraíso fiscal de Malta — por suspeita de conflitos de interesse, corrupção e branqueamento de capitais. Segundo informações obtidas pelo Maka Angola em Londres, num dos seus últimos pedidos a Sonangol requereu o pagamento de uma factura no valor de 300 mil dólares à Wise Intelligence Solutions. A empresa estatal angolana atribuiu esse avultado pagamento a serviços de consultoria. Ora, a Wise Intelligence Solutions é uma empresa que tem apenas um funcionário: trata-se do próprio director, Mário Filipe Moreira Leite Silva, nem mais nem menos que o conhecido gestor das empresas e da fortuna de Isabel dos Santos. A 21 e 23 de Junho de 2010, a actual presidente do conselho de administração da Sonangol, Isabel dos Santos, criou duas empresas em Malta: […]

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Contas Bancárias na Suíça Revelam os Novos Angolanos do Regime

A informação bancária de 31 entidades angolanas com contas no banco HSBC, na Suíça, e com um valor de depósitos de US $36 milhões, revela que grande parte dos seus titulares são comerciantes de diamantes estrangeiros. A lista dos nomes relembra as vezes que o presidente atribuiu a nacionalidade angolana a traficantes de armas e a suspeitos de crimes de corrupção e evasão fiscal. Mas, em Angola, estes cidadãos são ilustres, alguns são mesmo amigos e sócios de Isabel dos Santos, condição que em Angola continua a permitir que se esteja acima da lei e da dignidade dos angolanos. A lista faz parte da divulgação de informação bancária referente aos anos de 2006 a 2007, obtida pelo jornal francês Le Monde, e que o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) colocou à disposição de colegas em várias partes do mundo, incluindo o Maka Angola. Os ficheiros do banco, colocados à […]

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Os Desafios do Sector Agro-Pecuário em Angola

Angola é amplamente reconhecida como uma nação que depende significativamente da importação de bens alimentares, o que coloca desafios substanciais à sua economia. No ano de 2023, as importações de bens alimentares somaram US$ 2 mil milhões (13% do total importado), ficando atrás apenas da importação de combustível e de máquinas e equipamentos. Em especial, destacam-se a importação de arroz (600 mil toneladas), óleo de palma (200 mil m3), coxas de frango (300 toneladas) e farinha de trigo (100 mil toneladas).  Essa dependência provoca dificuldades estruturais de financiamento do balanço de pagamentos, uma vez que impõe a necessidade de divisas para atender às necessidades básicas e urgentes da população. Também resulta em choques frequentes de inflação em momentos de turbulência e depreciação cambial, ou mesmo sobrecongestionamentos temporários dos fluxos logísticos. Indo além das questões económicas, essa situação gera insegurança alimentar. A posição de Angola como importador de bens alimentares contrasta […]

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O Acórdão de Zenú e a Pista Chinesa

Como era de esperar, deu brado a decisão do Tribunal Constitucional que declarou inconstitucional o julgamento de José Filomeno dos Santos (Zenú), Valter Filipe (antigo governador do Banco Nacional de Angola) e outros. As consequências desse acórdão (n.º 883/2024) ainda não são claras. Por isso, da nossa parte, afastamos as interpretações maximalistas, quer no sentido de o acórdão terminar imediatamente com o processo, quer no sentido de exigir um novo e completo julgamento. A lei – assim como o próprio acórdão – não diz uma coisa nem outra. Apenas determina que o Tribunal Supremo tem de reformular a decisão. Isto é, tem de a modificar de acordo com a decisão do Tribunal Constitucional. O acórdão apenas manda expurgar as inconstitucionalidades. O que nos parece mais interessante, é prever a influência que este acórdão poderá ter noutros casos, como o dos generais Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” e Leopoldino Fragoso […]

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As Contas Ocultas da Carrinho

Como é que um grupo económico que recebe garantias soberanas do Estado angolano não tem contas públicas? Será que, ao emitirem garantias ao Grupo Carrinho, a Presidência da República e o Ministério das Finanças conheceram e fiscalizaram os seus relatórios e contas? O Grupo Carrinho tornou-se famoso. Tem uma história enternecedora assente na Mãe Leonor Carrinho, que, no seu quintal em Benguela, em 1993, criou um bar que deu origem a um dos maiores grupos económicos de Angola. Recentemente, o grupo comemorou o 30.º aniversário de forma esfuziante, numa larga operação de relações públicas em que não faltaram estrelas internacionais como Durão Barroso e Graça Machel (esta última, a dada altura, pareceu confusa sobre o seu papel no evento e terá feito declarações contraditórias), acompanhadas de declarações tonitruantes dos administradores do grupo, aparentemente dirigidas ao poder político e aos seus críticos. O grupo tem largas ambições e visões, e declara-se […]

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Velhos e Novos Ventos na Economia Angolana

Muito recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) escrevia acerca de Angola: “Em 2022, a economia angolana continuou a recuperar (…), apoiada pelo aumento dos preços do petróleo, a melhoria da produção petrolífera e a resiliência da atividade não petrolífera. Não obstante uma conjuntura externa difícil, o crescimento não petrolífero foi generalizado. Prevê-se um crescimento de 3,5% para 2023. A inflação global diminuiu de forma considerável para 13,8% (…) devido à redução dos preços dos produtos alimentares a nível mundial, à valorização do kwanza e aos esforços envidados anteriormente pelo banco central no sentido de uma maior restritividade da política monetária.” Estava assim traçado um cenário optimista e caucionador da política económica do governo angolano. Parecia que os fundamentos macroeconómicos da economia de Angola estavam, finalmente, sólidos e o crescimento garantido. Faltava fazer chegar ao povo o efeito concreto das melhorias. No entanto, no passado mês de Junho um vendaval pareceu […]

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O Combate à Corrupção em Angola e as Suas Disfunções

Em Novembro passado, durante uma viagem intermunicipal do Muconda para o Luau, na província do Moxico, após mais de 60 quilómetros de estrada sem ver vivalma, a comitiva na qual seguia deparou-se com um pastor que conduzia perto de 30 cabeças de gado para executar a sentença de um kimbandeiro. O proprietário do gado foi acusado de feitiçaria e o kimbandeiro-juiz condenou-o a entregar parte da sua fortuna como pagamento ao próprio “juiz” e ao soba da sua jurisdição.  Muito poderia falar sobre as crenças na feitiçaria e a corrupção como esteios da sociedade angolana. Mas cabe-nos apenas, neste encontro, discutir a corrupção. Ora, a corrupção é um problema transversal, que está presente em todas as áreas da vida. Na aldeia deste pastor, a corrupção entrou na acusação de feitiçaria de que foi alvo, com o quimbanda e o soba a agir como justiceiros para benefício pessoal e dos seus. […]

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Benguela: Esbulho e Mais Uma Trapalhada Judicial

“Na ausência de qualquer segurança jurídica, como se pode atrair investimento estrangeiro e promover o investimento interno? Angola só mudará quando estes abusos forem combatidos de forma célere, inequívoca e vigorosa” – assim terminava o mais recente artigo do Maka Angola sobre justiça e mau funcionamento dos tribunais. Bem poderia ser esse o preâmbulo do presente artigo, hoje dedicado à situação inaceitável do investidor israelita Dudik Hazan, assunto que também já abordámos neste portal. Na opinião de Hazan, com quem conversámos, as palavras que o presidente da República proferiu no seu discurso à nação – “Angola hoje é um lugar seguro para investir” – são muito apelativas, mas a vontade de tornar o país propício ao investimento estrangeiro não basta, quando a elite político-militar e os tribunais continuam a fazer de Angola um país muito perigoso para se investir e viver. Dudik Hazan é israelita e sempre quis investir em […]

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