Correspondente da Rádio Despertar Impedido de Exercer Jornalismo

O governo provincial do Cunene proibiu, a 7 de Janeiro, o jornalista Paulo Kuza de exercer a profissão naquela localidade, por tempo indeterminado. De acordo com Paulo Kuza, a proibição foi-lhe comunicada directamente pelo director provincial da Comunicação Social, Faustino Ndasuamba, que o convocou ao seu gabinete para o efeito. Em Dezembro passado, o jornalista tornou-se correspondente da Rádio Despertar, o único órgão radiofónico que mantém uma linha editorial crítica do governo vigente. A rádio emite em FM para Luanda apenas, desde 2006, em consequência dos Acordos de Paz entre o MPLA e a UNITA. Incrédula com a informação prestada pelo seu correspondente, a direcção da Rádio Despertar contactou o director provincial para confirmar a proibição. Maka Angola teve acesso à gravação da conversa telefónica entre o director-adjunto da Rádio Despertar, Queirós Anastácio Chilúvia, e Faustino Ndasuamba, a qual efectivamente confirma a proibição. O director provincial confirmou ter tido um […]

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A Revolução do Santos Kuntuala

Angola continua a celebrar a sua recente eleição como representante africano no Conselho de Segurança das Nações Unidas. No país, milhares de pessoas sofrem diariamente, porque vivem nos antípodas da Angola apregoada nos corredores mundiais da diplomacia e são tratados como seres inferiores. E no entanto, Angola é o país que vai usar o seu exemplo para resolver os vários problemas do continente. Os casos que se seguem demonstram, mais uma vez, a verdadeira natureza do regime político que vigora neste país. Um cidadão consciente e solidário Em Malanje viveu-se um estado de sítio porque quatro jovens subscreveram uma carta dirigida ao governador provincial, na qual comunicavam a realização de uma manifestação para repor uma data como feriado nacional. Dias antes, um dos organizadores da iniciativa, Santos Kuntuala, telefonara-me para me comunicar que um cidadão guineense morrera durante a operação de recolha de imigrantes efectuada a 19 de Dezembro, a […]

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A Tentativa de Golpe de Estado

O segundo comandante-geral da Polícia Nacional, comissário-chefe Paulo de Almeida, concedeu esta manhã uma grande entrevista à Rádio Ecclésia.  Revelou, para espanto de muitos, uma suposta tentativa de golpe de estado contra José Eduardo dos Santos. Paulo de Almeida garantiu que a tentativa de manifestação, a 23 de Novembro passado, sobre o caso de Cassule & Kamulingue, visava outros objectivos. “Temos provas de que [a manifestação] era para tomada ao poder. Temos provas de que era para o assalto ao poder.”, disse o comissário-chefe. “Isso não é manifestação”, esclareceu. Segundo o comandante, a repressão policial contra os manifestantes visou tão somente impedir a tomada do poder. Paulo de Almeida contrariou a ideia de que as tentativas de manifestação, ocorridas no país desde 2011, têm sido pacíficas. Para si, a ideia de manifestação pacífica é apenas uma propaganda contra o poder. Gostei da entrevista. Gostei mais da franqueza do principal responsável […]

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Soweto, Mandela e uma Lição para Angola

Durante a minha adolescência, as imagens da repressão policial contra manifestantes negros, no Soweto, na África do Sul, tinham um profundo impacto sobre mim. Cogitava sempre sobre como aquela população, indefesa, continuava a enfrentar – com danças, marchas e cânticos – o ódio mortal dos racistas do apartheid. Essas imagens justapunham-se às de Nelson Mandela, o símbolo maior da resistência que o regime do apartheid mantinha encarcerado na prisão de máxima segurança de Robben Island. Havia ainda uma terceira imagem, mais aterradora: a guerra em Angola. O exército  sul-africano era uma força invasora no país e apoiava a guerrilha da UNITA. O governo de Angola, com o essencial engajamento das Forças Armadas Revolucionárias de Cuba, afirmava-se na linha de fogo contra o apartheid. Era o tempo da guerra fria, de alianças complexas, da divisão mortal dos angolanos. Para um adolescente, a questão era mais simples. Era a perspectiva do serviço […]

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Mandela and Soweto: a Lesson for Angola

When I was a teenager, the images of police repression of black demonstrators in Soweto, South Africa, had a deep impact on me. I always wondered how those defenseless people continued to confront the racists’ deadly hatred with dances, marches and songs.   These images went together with those of Nelson Mandela, the greatest symbol of resistance, whom the apartheid regime kept jailed in the maximum security prison of Robben Island.   There was a third image, too, this one closer to home: the war in Angola. The South African army had invaded the country and was supporting UNITA’s guerrilla campaign. The Angolan government, with the necessary support from the Cuban Revolutionary Armed Forces, saw itself as being on the frontline against apartheid. It was the era of the Cold War, of complex alliances, and of deadly divisions among Angolans. For a teenager the question was simpler. It was a […]

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Discussão com o Morto: A Repressão de um Funeral

Optimista incurável, aquele homem de fato preto bem engomado e barba organizada, sorria tranquilo, enquanto caminhava ao meu lado. À berma da estrada, um forte cordão de segurança de agentes da Polícia Nacional, olhava, de forma desarmada, aquela procissão funerária. Pela primeira vez na história de Angola independente, membros da oposição, da sociedade civil e familiares de um político, assassinado pela guarda presidencial, realizavam uma marcha funerária, com cânticos políticos, numa das mais centrais vias de Luanda. Jovens manifestantes e opositores ao regime, regra geral, iniciam as suas manifestações à porta do Cemitério da Santana em direcção ao Largo da Independência, passando pela Avenida Deolinda Rodrigues (vulgo Estrada de Catete), numa distância de menos de dois quilómetros. Este pequeno trecho tem sido, desde 2011, a zona de maior violência política no país. As forças policiais também costumam iniciar os seus actos de violência às portas do Cemitério da Santana, e […]

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Polícia Dispara e Atinge Manifestantes

Efectivos da Polícia Nacional, apoiados por helicópteros da Força Aérea Nacional, repeliram hoje, de forma brutal, a manifestação convocada pela UNITA, em memória dos activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule. “Por volta das 9h00, eu estava defronte ao Cemitério da Santana, ponto de concentração da manifestação, quando, a partir do cordão de segurança da Polícia Nacional, os agentes fizeram os primeiros disparos contra os manifestantes e atingiram—me com dois tiros no pé direito”, revelou, ao Maka Angola, Feliciano  Malundo Mayungulo, de 40 anos. Segundo Feliciano Mayungulo, outros manifestantes evacuaram-no, de imediato, para um centro médico no Rangel que, entretanto, se recusou a prestar-lhe os primeiros socorros. Acabou por ser assistido na Clínica Sanide, no Bairro Popular. O pai de sete filhos e funcionário numa empresa de tecnologias de informação, reiteirou a sua decisão de se ter juntado ao protesto. “Fui à manifestação porque é uma causa do povo. Não podemos […]

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Manifestação e Discursos: MPLA vs UNITA

Os raptos e os presumíveis assassinatos, em Maio de 2012, dos activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule estão finalmente a merecer a devida atenção por parte da classe política angolana, assim como da sociedade em geral. O caso representa a nova viragem na abordagem política da vida e do quotidiano dos cidadãos. É a nova era da primazia dos direitos humanos. Da parte dos partidos políticos, a UNITA, o principal partido da oposição, pretende dar corpo ao sentimento de indignação da sociedade civil, organizando uma manifestação no dia 23 de Novembro. A iniciativa é oportuna, mas o comunicado para a sua convocação foi pouco inteligente e reabriu velhas feridas ao lembrar, de forma leviana, os crimes políticos do passado. O MPLA, partido no poder, por sua vez, desenterrou o seu machado de guerra e, com um discurso belicista, tenta desencorajar o acto. O seu comunicado é um desastre político e […]

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Violência no Bairro do Paraíso

O Bairro do Paraíso, no município de Cacuaco, em Luanda, foi palco de vários casos de assassinatos, incluindo a morte de três agentes da Polícia Nacional, cujos corpos foram encontrados na madrugada do dia 1 de Junho, e o assassinato de dois dirigentes da UNITA na madrugada do dia seguinte. Em declarações à VOA, o 2º Comandante da Polícia Nacional em Luanda, Francisco Ribas, disse que os agentes da polícia, identificados como Finda Pedro João, Augusto Gomes Neto e Dário dos Santos Faria, foram mortos com armas de fogo, disparadas por indivíduos não identificados, no seu posto móvel. Os dirigentes da UNITA António Kamuco e Filipe Chacussanga, respectivamente secretário comunal do Kikolo e inspector municipal da UNITA em Cacuaco, foram mortos a tiro nas suas próprias residências. A UNITA denunciou a polícia como sendo responsável pela morte dos seus dirigentes. Por sua vez, a Polícia Nacional  negou  qualquer envolvimento nos […]

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UNITA Apresenta Nova Queixa-Crime Contra o Governo

A UNITA apresentou ontem mais uma queixa-crime à Procuradoria-Geral da República (PGR), desta vez contra o general Manuel Hélder Vieira Dias "Kopelipa" e outros seis colaboradores próximos do presidente José Eduardo dos Santos. O chefe da Casa de Segurança da Presidência, general Kopelipa, o chefe da Casa Civil, Edeltrudes Costa, ambos ministros de Estado, são os principais visados da queixa que alega crimes de alta traição, sabotagem e falsificação de documentos eleitorais. Por sua vez, o ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, o secretário de Estado de Administração do Território, Adão Almeida, o general Jorge Barros Nguto, o tenente-general Rogério José Saraiva e o coronel Anacleto Garcia Neto também integram o rol dos dirigentes denunciados. A queixa acusa ainda seis cidadãos portugueses, administradores da sociedade comercial Sistemas de Informação Industriais e Consultoria-SINFIC, e quatro cidadãos chineses, alegadamente especialistas em tecnologias de informação do Ministério da Segurança Pública da […]

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