Moçambique em Perigo

Moçambique é, neste momento, quase um Estado falhado e pode deixar de existir na extensão total do seu território. “Os bandidos chegaram e saíram da vila da Mocímboa da Praia em apoteose e partiram por sua livre e espontânea vontade, sem que confronto nenhum se registasse. As forças de defesa de Moçambique, desde o começo até ao fim da tomada de Mocímboa, sempre estiveram ausentes, segundo relatos pungentes das nossas fontes.” Assim escreveram Nazira Suleimane e o destemido e aguerrido jornalista Estácio Valoi sobre uma incursão dos grupos armados, habitualmente chamados BAs (Bandidos Armados), na vila de Mocímboa, no Norte de Moçambique, no passado mês de Março. Trata-se de grupos islâmicos, e estes assaltos têm vindo a ser levados a cabo desde 2017. Ultimamente, intensificaram-se. Agora, já não são meros aglomerados rurais que sofrem os ataques, mas sim zonas urbanas. Nos tempos mais recentes, estas forças terroristas têm aumentado enormemente […]

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O Caso dos “Terroristas Islâmicos” no Tribunal Supremo

A 20 de Fevereiro de 2018, o Tribunal Supremo (TS) confirmou a decisão do Tribunal Provincial de Luanda, emitida a  24 de Novembro de 2017, de condenação de Angélico Bernardo da Costa, Joel Saide Salvador Paulo, Bruno Alexandre dos Santos e Landu Panzo José a três anos de prisão efectiva por crime típico de organização terrorista, neste caso de índole islâmica, ligada ao denominado  Estado Islâmico/Daesh. O alto Tribunal reconhece que os factos concretos em que se baseia a condenação se resumem à “leitura de um simples livro, a assistência de um vídeo de material de propaganda e a criação de uma página do Facebook” (cfr. p. 6 do acórdão do TS). Destes simples factos, o Tribuna Provincial – secundado pelo Tribunal Supremo – deduziu que os arguidos tinham a intenção de, no futuro, praticarem actos terroristas no território angolano em nome do Daesh. Não teríamos dúvidas em subscrever a […]

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Aisha Lopes: Estilista Angolana Perseguida e Acusada de Terrorismo

Durante o interrogatório, Aisha Lopes, de 36 anos, via, do outro lado da janela, o seu bebé de 26 dias a chorar, exposto ao sol, atirado ao ar por membros do Serviço de Investigação Criminal (SIC), que com ele gozavam: “filho de terrorista”; “falem com o bebé em Somali”. Ainda em convalescença, depois de uma cesariana de alto risco por ser diabética, Aisha Lopes foi interrogada por seis agentes que se revezaram durante quase dez horas, ameaçando espancá-la, recusando-lhe água, não permitindo que tomasse os seus medicamentos. Aisha Lopes acabou por desmaiar. “Supliquei tanto para que me trouxessem o meu bebé, mas nada. Depois de ter recuperado do desmaio, trouxeram-mo e estava todo queimado, os lábios sem pele. Estava mal, depois de tantas horas exposto ao sol.” Porque é que tudo isto aconteceu? Por volta das cinco da manhã do dia 2 de Dezembro de 2016, mais de 20 agentes […]

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