Milícias pró-Dos Santos Atacam

Um grupo de cerca de 15 indivíduos afectos às milícias pró-governamentais, armados com pistolas, catanas e varas de ferro, atacou esta noite o núcleo de jovens que tem liderado a organização de manifestações anti-Dos Santos, desde Março de 2011. Pouco depois das 22 horas, os atacantes irromperam, de surpresa, pela residência do rapper Casimiro Carbono, no Bairro Nelito Soares, em Luanda, onde se encontravam reunidos dez jovens. De pistolas em punho, os atacantes espancaram violentamente Gaspar Luamba, Américo Vaz, Mbanza Hamza, Tukayano Rosalino, Alexandre Dias dos Santos, Jang Nómada, Massilon Chindombe, Mabiala Kianda e Explosivo Mental. O anfitrião, Casimiro Carbono, escapou aos ataques por ter saído pouco antes para atender a um telefonema. Afonso Mayanda “Mbanza Hamza”, de 26 anos, explicou como os agressores, mal abriram a porta, executaram, de forma profissional e rápida, os ataques. “Bateram-me com uma vara de ferro na cabeça e em todo o corpo, e […]

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Realidade vs. Fantasia: Polícia Espanca Mães e Mente

A propaganda oficial desceu ontem para valores negativos na promoção da política governamental de negação da realidade e de difusão de fantasias. A comunicação social do Estado e os órgãos que gravitam em torno desta difundiram declarações de Leonor João, mãe de Afonso Matias “Mbanza Hamza”, segundo as quais a marcha das mães e dos familiares dos 15 presos políticos, incluindo o seu filho, decorreu pacificamente, do Largo da Independência ao Cemitério da Santana. Quem, à partida, desmente essa afirmação é o próprio comandante provincial da Polícia Nacional, o comissário-chefe António Sita, veiculando outras mentiras. Em comunicado emitido no mesmo dia, a 8 de Agosto, ao fim da tarde, o comandante afirmou o seguinte: “O Comando Provincial da Polícia Nacional torna público hoje, cerca das 14 horas e 30 minutos, no Largo da Independência, quando alguns jovens divertiam-se pacificamente naquele local, em alusão aos 40 anos de independência nacional, surgiram […]

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José Eduardo dos Santos Tem Medo de Livros e de “Miúdos”

Um leitor do Maka Angola levanta uma questão pertinente sobre a detenção, a 20 de Junho, de 13 activistas enquanto estes discutiam métodos pacíficos de protesto contra o que consideram ser a ditadura. Dois outros foram detidos nos dias subsequentes, igualmente acusados de tentativa de golpe de Estado em Angola. A maioria desses activistas é conhecida pelas suas tentativas malsucedidas e brutalmente reprimidas de organizarem manifestações antigovernamentais. Mas como é possível – pergunta o leitor – que indivíduos que não conseguem juntar-se em protesto, por mais simbólico que seja, sem serem violentamente reprimidos e detidos, terem capacidade para organizar um golpe de Estado? Porventura cansados de servirem como sacos de pancada para as autoridades e de serem acusados de desorganização por sectores da sociedade civil, os jovens decidiram formar um grupo de estudo. Armaram-se com livros sobre formas pacíficas de protesto para aprenderem a defender melhor as suas ideias. Tornaram-se […]

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Jovens Acusados de Preparação de Golpe de Estado

A ideia de uma Angola sem José Eduardo dos Santos como seu presidente ou qualquer protesto contra os seus actos de governação continuam a ser uma questão de crime e castigo. Dos Santos está no poder há 36 anos, e os seus críticos acusam-no de estar a levar o país à ruína. Todavia, ele continua a querer ser celebrado como o arquitecto da paz e o provedor da estabilidade. O procurador-geral da República e o ministro do Interior informaram ontem a Assembleia Nacional sobre a detenção de 15 jovens, a 21 de Junho, a quem as autoridades acusam de preparação de rebelião e atentado contra o presidente da República. Estão detidos Luaty Beirão, Nito Alves, Afonso Matias “Mbanza Hamza”, José Hata, HItler Samussuko, Inocêncio Brito “Drux”, Sedrick de Carvalho, Albano Bingo, Fernando Tomás “Nicola”, Nelson Dibango, Arante Kivuvu, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Domingos da Cruz e Osvaldo Caholo. Os detidos foram […]

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Kamulingue, Cassule, CIA, SINSE e os Mandantes dos Assassinatos

O reinício do julgamento, a 18 de Novembro, sobre os assassinatos políticos dos activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule, em 2012, deve responder a uma questão central. Quem, na cadeia de comando do poder e do MPLA, ordenou os crimes? É sabido que ambos os activistas estavam envolvidos na organização de uma manifestação, marcada para o dia 27 de Maio de 2012, envolvendo ex-membros da Unidade de Guarda Presidencial (UGP) e também desmobilizados. Os antigos guardas da UGP cancelaram a sua participação na manifestação, após encontros mantidos entre representantes seus e o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, e o comandante da UGP, general Alfredo Tyaunda. Para além dessa questão central, há uma outra não menos importante que requer esclarecimento. Por que razão estão os assassinatos de Kamulingue e de Cassule a ser julgados como um mesmo caso, […]

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Quando o Presidente Autoriza a Violência Política

Camarada presidente, para que serve a Constituição, para além de legitimar o seu poder? Quem o aconselha a empregar a Polícia de Intervenção Rápida (PIR), uma força de elite, para torturar jovens manifestantes, jornalistas e políticos da oposição no seu comando central? Dirijo-lhe essas duas questões a propósito dos últimos actos de violência que essas forças cometeram contra jovens que organizaram uma vigília em memória da chacina de 27 de Maio de 1977, no mesmo dia do ano de 2014. O senhor presidente desempenhou um papel extraordinário naquele evento histórico, como protagonista de ambos os lados. Participou das reuniões preparatórias dos fraccionistas, lideradas por Nito Alves e Zé Van-Dúnem, assim como esteve do lado das forças leais a Agostinho Neto, que protagonizaram o massacre contra os fraccionistas e dezenas de milhares de cidadãos. Mas isso é outra história. A absoluta falta de respeito, por parte do seu governo, pelos direitos […]

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DNIC Caça Manifestantes

A Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC) interrogou esta manhã, em Luanda, o fotógrafo Timóteo João, como parte do seu processo de cadastramento de manifestantes, seus apoiantes e eventuais líderes. Timóteo João compareceu na DNIC sob “Ordem de Comparência sob Custódia”, equivalente a mandado de captura, por ter faltado ao primeiro interrogatório marcado para 28 de Agosto passado. Segundo o fotógrafo, um oficial da DNIC telefonou-lhe, identificou-se e disse-lhe que estava à sua espera à entrada do prédio onde mora. “Pensei que fosse brincadeira dos meus amigos. Desci e ele [oficial da DNIC] notificou-me, a 27 de Agosto, depois das 15h00, para ser interrogado no dia seguinte, às 8h00 da manhã”. Por não ter comparecido ao interrogatório , Timóteo João foi constituído arguido por crime de desobediência. O mandado de captura foi assinado pelo director da DNIC, comissário-chefe Eugénio Pedro Alexandre. “É um acto ilegal a concessão, a um declarante, […]

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O Ano das Manifestações

2011 foi sem dúvida o Ano das manifestações! Desde a Tunísia, estopim da primavera árabe, passando pela agora célebre Praça Tahrir do Cairo, no Egipto, verdadeiros vulcões sociais entraram em erupção este ano. Varreram do mapa longevas ditaduras que teimavam em desafiar o mundo, sufocando liberdades fundamentais dos seus cidadãos e enriquecendo vergonhosamente pequenas elites e famílias à custa da miséria e sofrimento da maioria. Na Líbia, as manifestações degeneraram numa verdadeira guerra civil que, com o auxílio da OTAN, pôs fim ao regime abominável de Kadhaffi. Assistimos, ao vivo, as horripilantes imagens da execução do ditador líbio, num verdadeiro show de horrores. A Síria parece seguir mais o percurso da Líbia do que da Tunísia e do Egipto, mas as condições particulares daquele país são substancialmente diferentes das existentes até então na Líbia e tudo aponta para um desenvolvimento diferente. A crise económica que sacode a Europa e os […]

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