General Andrade Desobedece Ordem do Tribunal

O General António Francisco de Andrade tomou novamente de assalto um dos complexos habitacionais, na Ilha de Luanda, do qual havia sido despejado há dois dias por ordem do Tribunal.

Esta manhã, com uma força privada de três guardas armados, o general encontra-se instalado nos escritórios do complexo habitacional Isha, composto por 48 apartamentos. Faz-lhe companhia o seu filho, o capitão das Forças Armadas Angolanas (FAA) Miguel Kenehele Andrade.

Testemunhas oculares referem ao Maka Angola que o general afirma, a quem queira ouvi-lo, que “tenho imunidades, não tenho de obedecer a nenhum tribunal”. O filho, apesar de ser apenas capitão, também invoca a “imunidade” do pai para justificar a desobediência de ambos à decisão do tribunal.

A 23 de Novembro passado o Tribunal Provincial de Luanda ordenou a restituição imediata das propriedades ocupadas à força pelo general Andrade aos investidores estrangeiros. A juíza Zinaida da Costa Mendes, da 1.ª Secção do Cível e Administrativo, confirmou o esbulho violento dos complexos habitacionais Isha e Pina, com mais de 60 apartamentos no total, pelo referido general e sua família, e ordenou a restituição imediata das propriedades .

“Daqui não saio!”, tem estado a gritar o general a todos quanto o aconselham a acatar a decisão do tribunal.

O general António Francisco de Andrade desafia, com esse acto, não só o poder do sistema judicial mas pica no olho do actual presidente, o general João Lourenço.

“A justiça desempenha um papel central no resgate do sentimento de confiança nas instituições do Estado, porque os cidadãos precisam de acreditar que ninguém é rico ou poderoso demais para se furtar a ser punido, nem ninguém é pobre de mais ao ponto de não poder ser protegido”, dizia o presidente no seu discurso de empossamento a 26 de Setembro passado.

Com este general sem juizo, o sistema judicial e a promessa do presidente de que “ninguém é rico ou poderoso demais para se furtar a ser punido” estão em cheque.

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