O Julgamento

16 de Novembro de 2015, data da marcação do início do julgamento dos 17 presos políticos angolanos, Luaty Beirão, Domingos da Cruz e outros que se têm mantido em maior anonimato, mas merecem igualmente  nomeação:

Manuel Nito Alves,

 

 

Nuno Dala,

 

 

Afonso Mayenda Matias (Mbanza Hamza),

 

 

José Hata (Cheik Hata),

 

 

Sedrick de Carvalho,

 

 

Fernando Tomás (Nicolas Radical),

 

 

Benedito Jeremias (Dito),

 

 

Arante Kivuvu,

 

 

Albano Bingo Bingo,

 

 

Osvaldo Caholo,

 

 

Inocêncio Brito (Druxe),

 

 

Hitler Jessy Chiconde (Itler Samussuku),

 

 

Nelson Dibango,

 

 

Rosa Conde (Zita),

 

 

Laurinda Gouveia (Lau).

Todos estes jovens vão a julgamento, mas a História já emitiu o seu veredicto: eles são símbolos da liberdade angolana, novas figuras de um panteão que se preenche há muitos séculos. 

Assim, quem vai estar verdadeiramente em julgamento não são os jovens, mas aquele que os mandou prender e acusar: o presidente da República José Eduardo dos Santos.

Aquilo que vai realmente ser julgado são os 36 anos de José Eduardo dos Santos no poder. As suas acções serão submetidas a julgamento, e o grande juiz – o povo angolano – vai avaliar e decidir se em Angola existe verdadeira democracia e independência do poder judicial; se o poder de José Eduardo dos Santos trouxe prosperidade e progresso ao povo, ou se limitou apenas a distribuir a riqueza pública por uma clique mínima, que enriqueceu à custa da população; porque é que continuam a morrer percentagens inadmissíveis de crianças até aos cinco anos; porque é que o desenvolvimento humano de um país tão rico quanto Angola continua na cauda do mundo. 

Estes são os factos submetidos a julgamento: o saque da riqueza, a pobreza, a mortalidade infantil, a falta de liberdade, o atraso generalizado. 

É certo que José Eduardo dos Santos tem em sua defesa a manutenção da independência de Angola, um crescimento económico nalguns anos, a existência de uma Constituição democrática, a manutenção da paz depois de devastadores anos de guerra.

Num verdadeiro julgamento, num julgamento que decorresse num país realmente democrático, isso mesmo entraria em jogo: a audição das partes, o contraditório, a defesa e a acusação. Num país realmente democrático, o julgamento dos 17 não existiria, uma vez que não se detêm pessoas pelo simples facto de estas se reunirem e discutirem ideias de oposição ao governo.

Este é um julgamento de tipo moscovita: uma comédia farsante.

Os 17 símbolos da liberdade angolana receberam já o veredicto popular. Resta agora ao povo angolano julgar José Eduardo dos Santos.

Este julgamento é sobre ele e o seu regime. 

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