Suite Hotel Maianga e as Contas Mal feitas da Sonangol
A principal empresa do Estado, a petrolífera Sonangol, tem sido referida, a nível internacional, como um oásis de competência e boas práticas de gestão em Angola. Regularmente, a Sonangol também tem sido acusada, além fronteiras, de ser o principal veículo para o saque e o desaparecimento de biliões de dólares das receitas de petróleo.
Enquanto principal responsável por cerca de metade dos fundos que constituem anualmente o Orçamento Geral do Estado, a Sonangol requer um escrutínio mais atento dos cidadãos sobre a sua gestão corrente.
O presente texto apresenta o primeiro de uma série de estudos de caso sobre as práticas internas de contabilidade da Sonangol.
Em 2010, para um total de nove dias de estadia e despesas no Suíte Hotel Maianga, em Luanda, a Sonangol procedeu à liquidação de facturas no valor de US $1,346,022.5, pagas através do Banco Africano de Investimentos (BAI). A Sonangol é a principal accionista do referido banco, com 18,5 por cento do capital.
O hotel, de três estrelas, dispõe de 54 quartos, incluindo duas suítes executivas, e tem estado aberto ao público desde a sua inauguração, em 2009. Por sua vez, a Sonangol é a proprietária do hotel (http://www.portalangop.co.ao/motix/pt_pt/noticias/turismo/Sonangol-apresenta-unidade-hoteleira-tres-estrelas,ae2c6660-4847-4362-98c6-4bdab951bc28.html), segundo a agência noticiosa estatal Angop.
Mesmo que, de forma hipotética, a Sonangol tivesse ocupado todos os quartos por nove dias, e pagasse o preço máximo da acomodação mais cara (US $450) por todos os quartos, o valor total seria de US $218,700, incluindo o pequeno-almoço. O Suite Hotel Maianga tem um pequeno e modesto restaurante e os seus preços são razoáveis, para o mercado de Luanda, dispensando cálculos matemáticos.
Para onde a Sonangol canalizou os adicionais US$1.1 milhões?
A Sonangol deve explicar as razões pelas quais, depois de ter financiado a formação de milhares de cidadãos nacionais em várias universidades do Ocidente e em outras paragens internacionais, não consegue explicar simples contas de adição e multiplicação de fundos públicos à sua guarda.
Várias chamadas ao Gabinete de Comunicação e Imagem da Sonangol, para prestar esclarecimentos, deram origem à mesma resposta: “O director está reunido.”
Dia / 2010 |
Fatura(s) |
Custo (Dólares EUA) |
2 de Junho |
1332/SHM/2010 |
150,731.6 |
2 de Agosto |
1187/SHM/2010 a 1236/SHM/2010 |
255,370
|
4 de Agosto |
1245/SHM/2010 |
33,000 |
5, 6, 13 de Agosto |
1270/SHM/2010, et al. |
219,073 |
17 de Agosto |
1331/SHM/2010 a 1331/SHM/2010 |
294,730 |
19 de Setembro |
1472/SHM/2010 a 1525/SHM/2010
|
255,820 |
21 de Setembro |
1529/SHM/2010
|
137,297.9 |
TOTAL |
|
1,346,022.5 |