Angola Empresta Avião a Ditador do Zimbabwe

Por Carlos Duarte:

Na quarta-feira última, dia 11 de Abril, a estação de televisão EuroNews passou diversas notícias sobre o debilitado estado de saúde do ditador do Zimbabué, Robert Mugabe, que está no poder desde Abril de 1980 – há menos tempo do que o jamais eleito José Eduardo dos Santos, que dirige os destinos de Angola desde Setembro de 1979, logo após a morte de António Agostinho Neto.

As imagens várias vezes exibidas pela televisão da União Europeia mostram a aeronave em que o presidente do Zimbabué se fez transportar para Singapura, onde, segundo o mesmo órgão de informação, está a ser tratado a um cancro na próstata.

Quem esteve atento às imagens exibidas pela EuroNews e conhece bem a frota de aviões da Sonair, a empresa de aviação da Sonangol, deve ter percebido pelas cores e matrícula que se trata de um dos Airbus A319, operado pela VipAir, empresa comparticipada pela petrolífera nacional.

Na verdade, trata-se de um dos três aparelhos executivos Airbus da Sonangol, onde geralmente se faz transportar o cidadão chinês Sam Pa (dono de diversos heterónimos), também conhecido como um dos homens mais poderosos da presidência angolana e elo de ligação dos negócios entre Angola e a China, através da China International Fund, uma empresa obscura baseada em Hong-Kong. Sam Pa tem tão frequentemente usado o avião, para além de o colocar à disposição das autoridades chinesas para operações alheias ao conhecimento do público angolano, que a aeronave é conhecida entre os trabalhadores da Sonair como “o avião da China”.

Recentemente, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, recebeu duras críticas por ter alugado um dos aviões executivos da Sonair, gerido pela Atlas Air, para uma viagem à Ásia durante a Páscoa. Por sua vez, em 2010, o ex-vice presidente Al Gore e a sua delegação mostraram-se surpreendidos quando embarcaram num avião da Sonair, com destino à China. Al Gore havia sido convidado pelas autoridades chinesas para um encontro sobre ambiente e colocaram à sua disposição um avião executivo. Eventualmente à espera de um avião do governo chinês, com tripulação do mesmo país, os americanos só no avião se deram conta da tripulação angolana.

Se efectivamente, como noticiou a EuroNews, Mugabe realizou dez viagens a Singapura nos últimos 16 meses, é muito provável que, em se conhecendo a “generosidade” do presidente Dos Santos para com os estrangeiros, todas as viagens do presidente do Zimbabué tenham sido feitas neste avião, que custou US$ 130 milhões aos cofres públicos angolanos.

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