Trafigura e a Máfia Presidencial

Em dois anos de operações em Angola, a Pumangol tornou-se o mais influente intermediário na venda de petróleo angolano, assim como na distribuição de combustíveis no país. Esta empresa é uma sociedade de capitais mistos, entre a multinacional Puma Energy, uma subsidiária da empresa suíça Trafigura, e a sua parceira angolana, Cochan S.A. Em Agosto de 2010, o presidente José Eduardo dos Santos promulgou cinco contratos de investimento avaliados em US$931 milhões, pela multinacional Puma Energy e a Cochan S.A. Esses contratos incluem também a Pumangol. Num país classificado entre os 15 piores do mundo para se fazer negócio, o sucesso fulgurante da Trafigura e da Pumangol merece aprofundada investigação sobre as relações desta empresa com o círculo presidencial. A multinacional suíça, baseada em Genebra, beneficia de um contrato de permuta com a Sonangol. A Trafigura recebe petróleo, em quantidades não divulgadas publicamente, em troca do envio de derivados de […]

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O Poço de Água da Chevron e a Elite do Talatona

A petrolífera multinacional americana Chevron inaugurará em breve um novo empreendimento em Talatona, a zona residencial mais nobre de Luanda: um poço de água para consumo dos seus funcionários. O poço, o primeiro projecto deste tipo, destinado a servir expatriados, ricos e privilegiados num condomínio privado, irá bombear água para as cem residências que compõem o Condomínio Monte Belo, onde vivem muitos dos funcionários expatriados da Chevron. Luanda é uma cidade caótica, em franca expansão, onde vivem actualmente mais de cinco milhões de pessoas. Tem tido graves problemas de abastecimento de água e luz desde as eleições, realizadas a 31 de Agosto último. O Condomínio Monte Belo é um dos muitos condomínios privados de luxo que se têm multiplicado na zona sul de Luanda, e o seu valor imobiliário ultrapassa os US $250 milhões. A Chevron encomendou este projecto imobiliário à multinacional brasileira Odebrecht, que por sua vez se associou […]

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Gaidamak Mandou em Angola­­

Quando se escrever a história de Angola dos últimos 20 anos, uma história de guerra e paz, a corrupção e os poderes extraordinários de figuras estrangeiras junto do presidente José Eduardo dos Santos, na tomada de decisões estratégicas e soberanas, revelar-se-ão instrumentais. Durante a guerra pós-eleitoral, duas figuras estrangeiras tornaram-se sinónimo de poder presidencial em Angola: o russo-israelita Arkady Gaydamak e o franco-brasileiro Pierre Falcone, ambos traficantes de armas. Para breve conhecimento dos leitores, Maka Angola reporta apenas, no presente texto, de que forma o negócio de armas se expandiu para o sector dos diamantes e a família presidencial por via de Isabel dos Santos, uma das principais beneficiárias. As revelações constam de vários documentos submetidos a um tribunal de Londres, onde Arkady Gaydamak apresentou queixa contra o seu ex-companheiro de negócios em Angola, Lev Leviev, e cuja sentença foi proferida a 26 de Junho de 2012. Gaydamak provou em […]

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Kopelipa e Vicente Alugam Aviões para Eleições

Por Carlos Duarte: A eleição de 31 do corrente mês é um verdadeiro negócio para a elite política angolana, que está a aproveitar a oportunidade para enriquecer de forma ilícita. É o caso do ministro de Estado e chefe da Casa Militar do presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, e dos seus principais parceiros de negócios: o candidato a vice-presidente do MPLA, o ministro de Estado e da Coordenação Económica, Manuel Vicente, e o general Leopoldino do Nascimento, da presidência da República. Sem concurso público ou respeito pela Lei da Probidade, o trio de dirigentes-empresários obteve um contrato para alugar três aviões, pertencentes à sua falida companhia Servis Air, à Comissão Nacional Eleitoral (CNE), para apoio logístico às eleições. Os três aviões, dois Boeing 727 e um B-1900, pertenciam à Sonair, a empresa de transportes aéreos da Sonangol. Os três dirigentes, cotados como os mais próximos […]

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BAI à Lavandaria do Regime

O mercado financeiro do país tem sido liderado, nos últimos anos, pelo Banco Angolano de Investimentos (BAI), uma instituição bancária nacional que antes atendia pelo nome de Banco Africano de Investimentos. A estrutura societária deste banco reflecte, de certo modo, o seu sucesso e a institucionalização da transferência de capitais públicos para o enriquecimento ilícito de dirigentes. Avaliado em US $8 biliões de dólares, o BAI apresenta actualmente uma carteira de depósitos e créditos estimados, pelo Banco Nacional de Angola, em US $10,4 biliões e US $3.2 biliões, respectivamente. Por altura da sua criação, em 1996, a Sonangol surgia como o principal investidor, com 18,5 por cento das acções. No entanto, ao longo dos anos, a Sonangol discretamente transferiu dez por cento das suas acções para a titularidade privada de altos dirigentes, para além dos que já mantinham participação considerável no capital do banco. Como ilustração, abaixo se apresenta apenas […]

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Hotel Talatona: Mais um Saque à Sonangol

O Centro de Convenções de Talatona (CCTA) é um exemplo dos grandes investimentos que a Sonangol tem estado a realizar no país, de modo a diversificar a sua actividade, para além do sector petrolífero. Orçado em US $149.1 milhões, o centro inclui também um hotel de cinco estrelas, denominado Hotel de Convenções de Talatona, inaugurado a 18 de Dezembro de 2009 pelo presidente José Eduardo dos Santos. No entanto, os investimentos da Sonangol fora do sector petrolífero também têm sido como o método mais eficaz para o desvio de centenas de milhões de fundos públicos para um grupo restrito de dirigentes e altos funcionários da petrolífera nacional. O CCTA é apenas mais um destes esquemas, como adiante se explica. A 8 de Novembro de 2006, a Sonangol estabeleceu a sociedade comercial denominada Centro de Convenções de Talatona (CCTA), com as empresas privadas angolanas Simaroco e Oil International Supply Services S.A. […]

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O Novo-Riquismo do General Dino

Por Carlos Duarte: Enquanto no Hospital Pediátrico de Luanda morrem diariamente dezenas de crianças por falta de medicamentos básicos como soro fisiológico, antipalúdicos e antidiarreicos, alguns angolanos, julgando-se predestinados para a riqueza, zombam desavergonhadamente da desgraça da maioria dos seus concidadãos, principalmente dos pais que perderam os seus filhos. Foi o que aconteceu no passado dia 6 de Abril, Sexta-Feira Santa, dia em que os cristãos reflectiam sobre a paixão de Cristo. Na noite de véspera, a Direcção de Operações de Voo (DOV) da Sonair mobilizou às pressas uma tripulação para uma viagem a São Paulo (Brasil). Depois de muito negociar com pilotos e assistentes de bordo, relutantes em prestar serviço num dia feriado e para um voo não planificado, a duras penas se conseguiu compor a tripulação para a viagem. Todo esse esforço não era para transportar um doente em estado grave ou uma delegação governamental mandada às pressas […]

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Kero, o Supermercado de Manuel Vicente

O Hipermercado Kero, considerado o maior de Angola, bem pode ser considerado como o modelo de investimento privado para a melhoria da oferta e da qualidade de bens de consumo aos cidadãos. A funcionar há cerca de um ano no Bairro Nova Vida, em Luanda, o Hipermercado Kero também é um modelo na eliminação das fronteiras entre o público e o privado, por parte dos principais dirigentes angolanos que são, ao mesmo tempo, os principais empresários privados nacionais. Em entrevista ao semanário O País, o director-geral do Kero, o brasileiro João Santos, revelou o montante investido por um grupo de empresários angolanos em consórcio com o Banco Privado Atlântico. “Os US $35 milhões assentam num misto de capitais próprios e nos recursos libertos em resultado da parceria com o Atlântico”. O hipermercado tem uma área de 7500 metros quadrados de espaço de superfície, e a área total do empreendimento é […]

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Suite Hotel Maianga e as Contas Mal feitas da Sonangol

A principal empresa do Estado, a petrolífera Sonangol, tem sido referida, a nível internacional, como um oásis de competência e boas práticas de gestão em Angola. Regularmente, a Sonangol também tem sido acusada, além fronteiras, de ser o principal veículo para o saque e o desaparecimento de biliões de dólares das receitas de petróleo. Enquanto principal responsável por cerca de metade dos fundos que constituem anualmente o Orçamento Geral do Estado, a Sonangol requer um escrutínio mais atento dos cidadãos sobre a sua gestão corrente. O presente texto apresenta o primeiro de uma série de estudos de caso sobre as práticas internas de contabilidade da Sonangol. Em 2010, para um total de nove dias de estadia e despesas no Suíte Hotel Maianga, em Luanda, a Sonangol procedeu à liquidação de facturas no valor de US $1,346,022.5, pagas através do Banco Africano de Investimentos (BAI). A Sonangol é a principal accionista […]

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Presidência da República: O Epicentro da Corrupção em Angola

O presente relatório revela o modo como a Presidência da República de Angola tem sido usada como um cartel de negócios obscuros e as consequências dessa prática para a liberdade e o desenvolvimento dos cidadãos, assim como para a estabilidade política e económica do país. O texto responde aos apelos da política de tolerância zero contra a corrupção decretada pelo presidente José Eduardo dos Santos, a 21 de Novembro de 2009. Por uma questão de clareza, a investigação cinge-se a uma pequena amostra das práticas comerciais empreendidas pelo ministro de Estado e chefe da Casa Militar da Presidência da República, o  general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”. A este cabe a coordenação dos sectores de defesa e segurança do país. Com este dirigente, o chefe de Comunicações da Presidência da República, general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino”, e o presidente do Conselho de Administração e director-geral da Sonangol, Manuel […]

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