Incêndios florestais e a Caça ao Rato Monteiro no Kwanza-Sul

Depois de termos atravessado vários quilómetros de terra queimada e outras ainda em chamas, o general sorri, com ar de descrédito, abana a cabeça e pergunta-me: “Sabe qual é a principal causa dos fogos aqui na Quibala?” “Não sei”, respondo. “É para caçar ratos. É mais para caçar ratos”, afirma o general Luís Faceira (já na reforma), continuando a abanar a cabeça. No conforto de um veículo todo-o-terreno com ar condicionado, é fácil pensarmos que se trata de uma brincadeira ou anedota. Mas não é. Ao longo da estrada, aqui e ali, meninos exibem, para venda, o rato monteiro. Este rato chega a ter o tamanho de um coelho, e é um exímio escavador de tocas, debaixo do solo, para seu próprio abrigo. O preço de mercado do rato monteiro varia entre os 2500 e os 3000 kwanzas, dependendo do tamanho. O general explica que o fogo e as altas […]

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Feitiçaria, Polícia, MPLA e o assassínio do Soba

O Tribunal Provincial do Moxico proferirá, a 14 de Maio, a sentença sobre o homicídio do soba Augusto Chimbidi, ocorrido depois de este ter sido denunciado como feiticeiro por um dirigente do MPLA e um comandante da Polícia Nacional. Entre os réus do processo judicial encontram-se o primeiro-secretário do MPLA no município do Cangamba, Alberto Tchinongue Catolo, o comandante municipal da Polícia Nacional na referida localidade, Manuel N’doje Ijita Cawina, e o soba Cangamba, António Kanguia Candimbo. O caso iniciou-se com um triângulo amoroso, que deu origem a uma acusação de feitiçaria. Como é habitual em muitas regiões, as altas entidades locais envolveram-se em cultos de adivinhação e promoveram o obscurantismo como mecanismo de justiça. Os dirigentes animaram um julgamento popular, o acusado de feitiçaria foi condenado à morte, com execução de sentença imediata. Pelo meio, como é igualmente habitual, havia uma agenda política.   A Narrativa O Maka Angola […]

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Catanadas e Queima de Casas no Bié

Por Edú Wañgo: A província do Bié tem registado um crescendo de violência durante a campanha eleitoral. O soba Arão Massanga Simão sofreu um golpe de catana na cabeça e agressões corporais, a 21 de Agosto, por ter permitido o hastear da bandeira da UNITA na aldeia de Muyumba, sob sua jurisdição. Situada na comuna de Sachenomuna, município do Cuemba, a aldeia tem mais de seis mil habitantes, metade dos quais são eleitores registados. “Por volta das 14h00, quatro agentes da Polícia Nacional, armados com PKMs, foram à minha casa buscar-me. Eu não reagi. Um deles atingiu-me com uma coronhada na cabeça”, disse o soba. Durante o trajecto da sua residência para o jango da polícia, numa caminhada de quinze minutos, o soba contou ter sido regularmente espancado com porretes pelos agentes policiais, e de ter sido atacado com um golpe de catana, na cabeça. “Todo o povo foi chamado […]

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