27 de Maio: o Sobrevivente de Um Pelotão de Fuzilamento

“Há uma grande verdade no ditado popular que afirma: “Cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima.” Hoje é dia 27 de Maio. Alguns dos anciãos que guardam testemunhos importantes para o arquivo histórico que se deve criar sobre o massacre de 1977, há 45 anos, têm caminhado para a eternidade, e assim levam consigo conhecimentos e bibliotecas únicas, que desaparecem para sempre. Em 1995, ávido de conhecer a história contemporânea da Angola, transmitida oralmente por alguns dos seus protagonistas, tive o privilégio de ouvir o testemunho pessoal de dois nacionalistas, Joaquim Pinto de Andrade e Domingos Coelho da Cruz, sobre a história angolana de que fizeram parte. Estes dois amigos juntavam-se muitas vezes no café do Centro de Imprensa Aníbal de Melo, para uma conversa de fim de tarde. Algumas vezes, Joaquim Pinto de Andrade pedia-me que o acompanhasse, a pé, até ao edifício onde residia, na […]

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27 de Maio: a Verdade como Sede de Justiça

Realizou-se hoje o “Termómetro: Encontro de Recepção de Opiniões da Sociedade Angolana”, uma iniciativa do MPLA dedicada a debater a dimensão do perdão na consolidação de uma Angola de paz, reconciliação e desenvolvimento. Convidado para o evento, Rafael Marques falou sobre o 27 de Maio e a importância da verdade para a verdadeira reconciliação. Leia aqui a sua intervenção. ‘Agradeço, desde já, o convite da direcção do MPLA para participar neste Termómetro. É uma oportunidade de diálogo, independentemente das suas motivações políticas. Começo com uma confissão. No início de 1997, servi de intérprete para um grupo de formadores estrangeiros que ministraram um seminário à direcção do MPLA, na sua sede. Os formadores inquiriram-me sobre a melhor forma de partilhar conhecimentos com os seminaristas, bastante temidos na altura, e o processo de tradução estendeu-se ao aconselhamento sobre a melhor estratégia de abordagem ao longo do evento. A partir de então, passei […]

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UNITA: A História Escrita pelos Vencedores

Winston Churchill, o grande primeiro-ministro inglês que venceu a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) contra a Alemanha nazi, estava um dia a discutir com um general americano como se tinha passado determinado episódio nessa guerra. A sua versão era diferente da americana, e não chegavam a acordo. No final, para acabar com o diferendo, Churchill disse que não interessava a opinião do americano, porque era ele, Churchill, quem ia escrever a história – a sua versão ficaria para a posteridade. E assim foi. Churchill escreveu uma monumental história da Segunda Guerra Mundial que lhe valeu o Prémio Nobel da Literatura. E a sua versão tornou-se a verdade. José Eduardo dos Santos e o MPLA não são Churchill nem nunca o serão, mas também eles ganharam a guerra à UNITA e são os únicos a escrever a história dessa guerra e do que se passou. Portanto, os seus contos, muitos inventados, outros […]

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