Cafunfo Intransitável

A localidade de Cafunfo, uma região rica em diamantes, está sem ligações terrestres com o resto do país há três dias devido ao estado intransitável das duas estradas que a ligam ao município do Cuango, na província da Lunda-Norte.

A ponte sobre o Rio Cajimbungo – uma estrutura improvisada com quatro contentores de carga e umas barras de ferro – 12 quilómetros a norte da vila do Luzamba, foi abatida pelas chuvas que causaram a erosão dos solos.

Em Março passado, o governador provincial da Lunda-Norte, Ernesto Muangala, anunciou o início das obras de terraplanagem da Estrada Nacional 225, que liga a sede do Cuango a Cafunfo e à comuna do Luremo, numa extensão de 50 quilómetros. Essa obra está inscrita no Programa de Intervenção Integrada nos Municípios (PIIM), no valor de 2,1 mil milhões de kwanzas (equivalente a cerca de três milhões de dólares) e, desde então, só conheceu a intervenção em cinco quilómetros de estrada.

Fonte da administração local garante que o empreiteiro abandonou a obra, por considerar o valor irrisório para a dimensão do trabalho proposto.

A via alternativa, que atravessa a concessão da Sociedade Mineira do Cuango (SMC), numa extensão de 53 quilómetros, também está inoperante devido à rotura da bacia de retenção de águas que abriu a estrada pelo meio. Durante o dia de ontem, segundo fontes locais, a SMC realizou obras de reparação do troço cortado.

Uma terceira picada alternativa, pela via de Cassule Kuenda, na via que dá para o município de Caungula, também se encontra praticamente intransitável.

Há muitos anos que a população de Cafunfo, uma localidade com 168 mil habitantes e sem estatuto político-administrativo, protesta por uma estrada asfaltada que a ligue ao resto do país.

Fonte de uma concessionária diamantífera que explora diamantes na Bacia do Cuango garante que a mesma havia feito uma proposta às autoridades para a asfaltagem da estrada nacional com a contrapartida de esse seu investimento ser abatido nos impostos. A proposta terá sido recusada sem que o governo providenciasse soluções alternativas.

Cafunfo continua a ser um exemplo extraordinário do paradoxo da riqueza em Angola. É uma localidade rica em diamantes mas paupérrima no modo de vida das populações e nas infraestruturas.

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