Uma Manifestação pelo Futuro: Empregos para os Jovens

No próximo dia 16 de Junho, sábado, vai ocorrer a marcha pacífica silenciosa contra a violência e a banalização da criminalidade. A marcha, autorizada pelo Governo Provincial de Luanda, deverá partir do Largo do Porto de Luanda, cerca das 13h00, e percorrerá a Marginal, com termo previsto no Largo do Baleizão.

Organizada pelo Observatório para a Coesão Social e Justiça, liderado pelo advogado Zola Bambi, a iniciativa merece todo o apoio.

A marcha é pertinente e oportuna, pela possibilidade que oferece a todos os angolanos de se manifestarem de forma pacífica e tranquila em defesa do seu futuro.

Há que apoiar esta marcha e transformá-la num apelo à instituição do Estado de Direito em Angola. Um Estado de Direito que resultará da reforma do Serviço de Investigação Criminal, tornando-o numa força policial eficiente e respeitadora da lei. Um Estado de Direito que conseguirá colocar os governantes corruptos na cadeia, após o adequado julgamento, desencorajando em definitivo a criminalidade a partir do topo. Mas, sobretudo, um Estado de Direito que seja substantivo, que crie condições para uma vida melhor para todos os angolanos, incentivando a criação de empregos para todos, em especial para os jovens.

Há que combater o crime e as causas do crime. É fundamental criar oportunidades de emprego para os jovens desempregados, que muitas vezes, devido à própria circunstância do desemprego, se tornam delinquentes.

Angola confronta-se com uma questão muito grave, esquecida na maioria dos discursos. A sua população é cada vez mais jovem, e tem cada vez mais dificuldade em arranjar trabalho, sendo lançada para uma vida de inanição e inactividade que desemboca no crime. É preciso combater as causas do crime, aliviando o sufoco em que a maioria da juventude em idade laboral se encontra: ou no desemprego, ou no sector informal de sobrevivência.

Combater o crime é lutar por uma Angola mais próspera e com postos de trabalho acessíveis para a população.

O aumento da criminalidade e dos níveis de violência, que afectam sobremaneira os grupos mais vulneráveis, tem preocupado a sociedade civil. Muitos apelam às execuções sumárias, e aplaudem-nas, incentivam a proliferação dos esquadrões da morte, e julgam que assim se sentirão mais seguros. A falta de informação e o poder da força que comanda a sociedade angolana limitam a capacidade analítica de muitos cidadãos. Nos últimos três anos, os municípios mais populosos da periferia de Luanda têm sido verdadeiros campos da morte de supostos marginais. Os esquadrões da morte até organizaram “limpezas” por bairros e os índices de criminalidade têm estado a aumentar. Porquê?

Todos aqueles que se sentem afectados pela onda de criminalidade dos ladrões de automóveis e telemóveis, dos pilha-galinhas, bem como dos dirigentes que saqueiam o país, devem unir esforços e juntar-se a esta marcha, em defesa de uma Angola mais segura, assente na justiça social e económica.

É isso que esta marcha pretende: paz e progresso para Angola. Por isso, todos aqueles que acreditam numa Angola com futuro devem participar.

Os organizadores queriam começar a marcha às 10h00, mas o Governo Provincial declara que, de acordo com a lei, a iniciativa só pode ocorrer a partir das 13h00. Em resposta, o Observatório para a Coesão Social e Justiça concordou com a hora determinada pelas autoridades.

O importante é lutar pelo Estado de Direito, pelo progresso económico e pelo emprego para os jovens. Empregar os jovens e tirá-los das ruas é fundamental para uma Angola mais justa! É fundamental também que se expulsem dos cargos públicos aqueles cujas práticas de assalto ao erário público contribuem para a onda de criminalidade institucionalizada.

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