Eleições: O Quénia Não é Angola
O Supremo Tribunal do Quénia anulou o resultado das eleições presidenciais do mês passado, citando irregularidades, e ordenou uma nova eleição no prazo de 60 dias.
A decisão torna o Quénia o primeiro país africano a ter uma eleição presidencial invalidada por um tribunal.
A Comissão Eleitoral desse país havia declarado Uhuru Kenyatta como o vencedor, com uma margem de 1,4 milhão de votos. Lá como cá…
Mas a oposição argumentou que o sistema informático da Comissão havia sido pirateado para manipular os resultados.
O presidente do Supremo Tribunal, David Maraga, declarou que as eleições de 8 de Agosto não foram “conduzidas de acordo com a constituição” e por isso são “inválidas, nulas e sem efeitos”.
Entretanto, em Angola, o Tribunal Constitucional sustenta a manipulação eleitoral realizada pela CNE, defendendo interpretações contrárias à lei. Na maioria das províncias, nem sequer foram garantidos os escrutínios eleitorais, além do que a Casa de Segurança da Presidência tem enviado “peritos” para ameaçar os comissários eleitorais, coagindo-os a assinarem actas falsas (para não falar do controlo informático das eleições assegurado por empresas ligadas ao general Kopelipa, incluindo a espanhola INDRA e a portuguesa SINFIC).
Foram estas as eleições angolanas que, num exercício da mais ignóbil hipocrisia, os observadores internacionais validaram, não percebendo, ou fingindo não perceber, que a fraude se faz na contagem de votos, a que ninguém assiste.
Não são precisas mais palavras para descrever a vergonha que o poder judiciário de Angola deve agora sentir face ao seu congénere queniano. Como temos repetido inúmeras vezes, enquanto não houver juízes em Luanda, não há democracia em Angola.