General “Tchuna Baby”

Nas últimas semanas, o chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar (SISM), general António José Maria, tem submetido os seus subordinados a duas sessões diárias de doutrinação política a favor do candidato do MPLA, general João Lourenço.

Nas primeiras sessões, das 8h00 às 9h00, o general Zé Maria apresenta-se sempre com a camisola sem mangas e os calções colantes (conhecidos como “tchuna baby”) do seu treino matinal.

Os oficiais superiores e subalternos, devidamente fardados, e os efectivos civis do SISM são obrigados a assistir aos destaques dos noticiários da TPA e da RNA no refeitório, ao que se segue uma prelecção do general em “tchuna baby”. Por temer actos de desobediência e confrontação por parte dos oficiais generais a si subordinados, o general Zé Maria dispensou-os das suas palestras bidiárias.

Segundo fontes cruzadas do Maka Angola, após a primeira sessão, o general dirige-se a casa, nas imediações da sede do SISM, para tomar banho. No regresso, normalmente entre as 10h00 e as 11h00, o general, já fardado, prossegue com a sua actividade de comissário político até às 16h00. A propaganda da TPA e da RNA é a única fonte de inspiração para as suas longas divagações políticas.

“O vosso amigo Rafael Marques ainda não falou da nossa actividade. Agora falo bem do João Lourenço e ele não diz nada. Vão lá dizer-lhe que agora apoio o João Lourenço”, tem repetido o general Zé Maria nestas sessões, mais palavra, menos palavra. Em Maio do ano passado, o general organizou uma palestra para os efectivos do SISM sobre Rafael Marques de Morais, intitulada “O Diabo pago pela CIA”.

A 6 de Junho seguinte, o Maka Angola divulgou as reacções de descontentamento do general Zé Maria à indicação do então ministro da Defesa, general João Lourenço, para candidato do MPLA. Zé Maria chegou mesmo a insultar o candidato como “um mau imitador das promessas do presidente José Eduardo dos Santos”.

Este comportamento do general Zé Maria, agora jocosamente chamado de “general Tchuna Baby” por alguns dos seus subordinados, seria apenas mais uma das suas bizarrias, não fossem as consequências.

Em primeiro lugar, o general tem demitido arbitrariamente vários funcionários que se recusam a passar o dia inteiro de trabalho nas suas “jornadas políticas”.

Na semana passada, demitiu, entre outros, Renata Gomes, secretária do

chefe da Direcção de Contra-Inteligência Militar (DCIM), general José Filomeno Peres. Ângela Upetasso, secretária do chefe-adjunto da DCIM, brigadeiro Neto, também foi despedida, assim como uma funcionária da Direcção de Administração, Finanças e Serviços Gerais, conhecida por Mizé.

Em segundo lugar, o general viola descaradamente o carácter apartidário das Forças Armadas Angolanas, consagrado na Constituição, fazendo campanha diária a favor do candidato do MPLA.

Finalmente, a forma como se dirige aos seus subordinados, em calções de treino, numa instalação militar, revela profundo desrespeito pelo código de conduta militar.

Em Outubro passado, conforme reportado pelo Club-K, o general Zé Maria ordenou a detenção de um oficial de campo do então ministro da Defesa João Lourenço, porque tinha a “farda mal-amanhada”. Entretanto, esse mesmo general, zeloso do aprumo dos outros, não se coíbe de se apresentar às tropas em trajes menores.

Uma vez que o general, nas suas alocuções diárias, tem insistido em ver reportado no Maka Angola o seu estranho apoio a João Lourenço, aqui fica feita a sua vontade.

E de caminho, aproveitamos também para perguntar ao candidato João Lourenço:

Como sucessor de José Eduardo dos Santos que promete mudanças, aceita que o general Zé Maria demita anarquicamente funcionários do Estado em seu nome?

Que mudanças espera introduzir no governo com este tipo de apoiantes?

Comentários