Angola e o Futuro: a Educação

A avaliação negativa do desempenho do ministro da Educação, Pinda Simão, ascende a 74 por cento dos inquiridos no censo encomendado pela presidência da República. A falta de confiança dos angolanos na qualidade da educação proporcionada pelas universidades públicas é de 55 por cento. Estes dados revelam inequivocamente o descrédito nas instituições de educação do país.

Que muito do futuro de Angola passa pela educação, ninguém duvida. Aliás, é um lugar-comum fazer este género de afirmações, como aconteceu com Isabel dos Santos numa entrevista à BBC (televisão britânica), em 2015, quando mencionou a educação como o principal problema de Angola. O curioso é que não se viu nenhuma acção concreta da sua parte, nem do seu pai-presidente, em prol da educação depois dessa descoberta maravilhosa, que foi certamente para “inglês ver”, mas não para angolano ter.

E, na realidade, só um sistema de educação focado nos extremos, isto é, nos níveis básicos e na universidade, permitirá alcançar o desenvolvimento sustentável tão necessário a Angola.

Em primeiro lugar, é necessário proporcionar uma educação básica adequada a todas (sublinha-se, a todas) as crianças desde tenra idade. Todas as crianças angolanas deviam saber perfeitamente o básico: falar bem, escrever bem, contar e fazer contas, e conhecer a história do seu país. Este devia ser o objectivo de uma educação universal para todos, com professores adequados. O grande investimento em educação não é em edifícios ou sequer em tecnologias da informação. O grande investimento em educação é nas pessoas. Nos professores. Qualquer política educativa tem de começar por qualificar e pagar bem aos professores, fazendo-os sentir que a sua é uma das profissões mais importantes para o futuro de país.

Em segundo lugar, há que apostar na formação de quadros qualificados angolanos em Angola. É fundamental, sem abdicar do espírito cosmopolita e da abertura de espírito sempre necessária, começar a não depender dos mercenários consultores estrangeiros. Angola tem de preparar, promover e qualificar os seus quadros. Nesse sentido, é importante renovar o ensino superior como centro de cultura e técnico de qualidade. A par das tradicionais universidades, haverá que criar escolas superiores técnicas, flexíveis, inovadoras, que dotem os cidadãos angolanos das ferramentas necessárias para o seu sucesso.

Voltamos à sondagem da Sensus que temos vindo a analisar nestas páginas e que o regime, a todo o custo, procura desmentir como inexistente.

O que pensa o povo angolano da política de educação adoptada pelo governo?

Confiança no nível de ensino das Universidades Públicas?

Como avalia o desempenho do ministro da Educação (Pinda Simão)?

Os resultados da sondagem oscilam entre o mau e o muito mau. É esta a percepção que os angolanos têm da sua educação e da política do governo: mau e muito mau.

Naturalmente, este é um sector em que se impõe uma revolução profunda, abandonando as velhas práticas clientelistas e a política do betão, que consome uma enormidade de recursos.

A aposta essencial tem de ser nos professores, nas suas capacidades e no seu desenvolvimento. Não interessa fazer discursos para a BBC com palavras bonitas, enquanto se negligencia a educação em Angola e se manda os descendentes estudar em Inglaterra.

Interessa agir em Angola, e agora.

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