Sonangol: A Gestão Insondável de Isabel dos Santos

A Sonangol Pesquisa e Produção (P&P), o braço produtivo (a galinha de ovos de ouro) da petrolífera nacional, continua a funcionar sem orçamento aprovado e em risco de colapso, soube o Maka Angola de fonte fidedigna.

Este é o segundo ano consecutivo em que a empresa opera sem orçamento aprovado. Segundo fonte da direcção da empresa, à data actual apenas estão a ser priorizados os pagamentos às consultoras responsáveis pela transformação da Sonangol, nomeadamente a McKensey, PwC, o escritório português de advogados Vieira de Almeida e Associados e a UCall de Isabel dos Santos, actual presidente do conselho de administração da Sonangol E.P. e, cumulativamente, presidente do Comissão Executiva da Sonangol Pesquisa e Produção.

“A empresa está com dificuldades em adquirir equipamentos de protecção de pessoal, como luvas, capacetes e óculos, que são um requisito obrigatório para se trabalhar no mar, nas plataformas offshore”, assevera um dos funcionários destacados no mar.

Na sede da P&P, “já nos deparamos também com faltas de papel higiénico, guardanapos e água, por falta de verbas aprovadas para o normal funcionamento da empresa”, descreve outro funcionário.

Desde a sua autonomeação como presidente da Comissão Executiva, em Dezembro passado, Isabel dos Santos ainda não foi vista a trabalhar ou a visitar a Sonangol Pesquisa e Produção, nas Torres Atlântico, Avenida Marginal de Luanda. No mês passado reuniu-se com os trabalhadores da P&P no Centro de Convenções de Talatona.

O mais grave de tudo, segundo analistas da indústria petrolífera, prende-se com a autoridade de Isabel dos Santos para manter engavetados os contratos de partilha de produção e os programas de perfuração, estando pendentes 60 poços de petróleo por perfurar.

A Sonangol Pesquisa e Produção está a operar com menos de 40 mil barris de petróleo diários no bloco 3/05 e menos de 20 mil barris no Bloco 4/05, os únicos operados pela P&P.

Em 2005, quando a Total entregou os referidos blocos, a respectiva produção diária cifrava-se em 100 mil barris.

Na prática, segundo funcionários locais, a Sonangol Pesquisa e Produção está a ser arbitrariamente gerida pela empresa Mackenzie, que emprega três ingleses e dez portugueses, na sua maioria jovens licenciados há pouco tempo e sem experiência prévia de trabalho no sector dos petróleos.

Para agravar a situação de gestão, a 17 de Abril Isabel dos Santos demitiu os directores das direcções de Estudos e Engenharia, Activos Financeiros em Exploração, Operações e Sondagem, Informática e Telecomunicações, bem como dos Serviços Gerais. Em substituição, nomeou vogais de sua confiança para, “em comissão de serviço interna”, acumularem cargos. Assim, Bernardo Miguel Domingos passou a dirigir os Estudos e Engenharia, Operações de Sondagem e Informática e Telecomunicações. Por sua vez, Carlos Alberto Muteca Cardoso acumula as funções de Serviços Gerais e Activos Financeiros em Exploração.

Isabel dos Santos tem sido elogiada por muitos sectores da sociedade como uma grande gestora, de nível internacional, independentemente de ser a filha do presidente José Eduardo dos Santos. O que se passa então na Sonangol Pesquisa e Produção? Estaremos perante uma abordagem totalmente inovadora, para não dizer desastrosa? Só ela o poderá explicar publicamente, tão logo tome conhecimento deste escrito.

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