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Manuel de Carvalho “Ganga”, militante da CASA-CE, foi hoje morte, alegadamente por soldados da Unidade de Segurança Presidencial (USP), pouco depois da meia-noite na zona dos Coqueiros.  A vítima colava panfletos alusivos aos casos de Isaías Cassule e Alves Kamulingue, quando um dos soldados o atingiu, segundo um comunicado emitido pela CASA-CE.

Uma testemunha ocular, identificada como António Baião, descreveu as circunstâncias do homicídio. “Erámos oito jovens, incluindo o malogrado. Os militares surpreenderam-nos e mandaram parar a actividade, mantendo-nos imobilizados no passeio, com as suas armas apontadas durante 45 minutos aproximadamente”. De acordo com a mesma fonte, no momento de chegada ao local de uma viatura com mais militares, um dos operativos da USP atingiu Ganga com dois tiros, na zona posterior do peito.

A USP é uma sub-unidade da Unidade de Guarda Presidencial (UGP) responsável pela segurança pessoal imediata do presidente e da sua família, assim como do palácio presidencial.

Os sete jovens do grupo foram de seguida entregues a uma unidade policial, tendo sido libertados esta manhã.

Para além do assassinato de Manuel de Carvalho “Ganga”, as autoridades, através, da Polícia Nacional, efectuaram a detenção de vários membros da direcção da CASA-CE.

O secretário-geral da CASA-CE e deputado à Assembleia Nacional, Leonel Gomes, esteve detido por 18 horas, com outros membros da direcção do seu partido,na 9ª Esquadra do Sambizanga.

“A Polícia prendeu-nos com o pretexto de que estávamos a incitar a violência. Tudo porque estávamos a colocar panfletos nas ruas em memória do Alves Kamulingue e do Isaías Cassule”, explicou o deputado.

Em respeito à sua imunidade protocolar, o deputado foi mantido no piquete do commando policial enquanto, Xavier Jaime, Chiconda Alexandre e Américo Chivukuvuku, da direcção da CASA-CE foram conduzidos às celas, onde se encontram de momento.

Lionel Gomes referiu que, no total, a Polícia Nacional deteve, inicialmente, em Luanda 213 militantes da CASA-CE que, de forma coordenada e simultânea, estavam a colocar panfletos nas ruas de várias artérias da cidade.  O deputado referiu ainda que continuam detidos 60 militantes do seu partido, distribuídos pelas unidades policiais do Morro Bento, São Pedro da Barra, Rangel, 5ª e 21ª Esquadras.

“Nós decidimos partir para a acção de panfletagem e estas são as consequências. Queremos e vamos prestar solidariedade às vitimas dos assassinatos políticos e de terrorismo de estado. Vamos exigir justiça, nem que isso nos custe a vida”, disse o deputado.

Lionel Gomes aproveitou também a ocasião para desmentir os pronunciamentos públicos da Polícia Nacional segundo os quais não deteve nenhum deputado. “A polícia mente muito. Eu estive detido na 9ª Esquadra das 22h00 às 16h17”, confirmou.

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