Presidente José Eduardo dos Santos: Nepotismo, Corrupção e Propaganda na CNN

O regime do presidente José Eduardo dos Santos tem feito considerável esforço para promover, no exterior, uma imagem de modernidade, bom governo e prosperidade do país, assim como do bem-estar dos angolanos. Para o ano de 2012, Dos Santos concede cerca de US$ 40 milhões, do orçamento específico da presidência da República, às iniciativas dos seus filhos para a difusão de uma imagem positiva de Angola no mundo.

Desde 2006, a responsabilidade principal da melhoria da imagem do regime tem sido confiada a uma empresa privada nacional, a Semba Comunicação. Segundo informação divulgada no seu website http://www.semba-c.com/about, a empresa, logo após a sua criação, projectou a campanha que mudou o conceito de comunicação institucional africana a nível dos órgãos de comunicação internacionais, principalmente na CNN International, com a campanha “Angola Grow With Us” (“Angola, Cresça Connosco”), da ANIP [Agência Nacional de Investimento Privado].

Fruto da relação contratual com a Semba Comunicação, a presidência da República tem destinado anualmente vários milhões de dólares, na fatia que lhe cabe do Orçamento Geral do Estado http://www.minfin.gv.ao/fsys/RESUMO_DAS_DESPESAS_DE_FUNCIONAMENTO_DO_ORGAO_POR_UOORC.pdf, para que a referida empresa honre a imagem de Angola através da CNN International e da TPA Internacional.

A relação comercial entre a presidência da República, a ANIP e a Semba Comunicação levanta, à partida, dois graves problemas legais. Primeiro, a Semba Comunicação é uma empresa criada em 2006 pelos filhos do presidente José Eduardo dos Santos, nomeadamente Welwitshea José dos Santos “Tchizé” e José Paulino dos Santos “Coréon Du”. Segundo, a presidente da ANIP, Maria Luísa Perdigão Abrantes “Milucha”, é a mãe dos referidos filhos do chefe de Estado. Antes de assumir a presidência da ANIP, Milucha representava esta instituição pública nos Estados Unidos da América, durante a vigência das anteriores campanhas na CNN.

Para o ano fiscal de 2012, o orçamento específico da presidência apresenta um encargo de akz Kz 1,579,858,000 (equivalente a US$ 17 milhões) para a campanha do seu regime, na CNN, por via da Semba Comunicação.

A empresa dos filhos do presidente também é responsável pelo projecto da TPA Internacional, para o qual José Eduardo dos Santos afecta, do seu orçamento institucional, uma verba de akz Kz 2,154,460,028 (equivalente a US$ 23 milhões para o ano fiscal de 2012).

Sobre a TPA, a apresentação institucional da empresa dos meninos da presidência destaca que “outro dos trabalhos de referência da Semba é o projecto de renovação multidisciplinar da Marca ‘Canal 2’ da Televisão Pública de Angola (TPA), que resultou no convite para desenvolver a marca do canal TPA Internacional”.

Do ponto de vista legal, o presidente incorre em crime de corrupção por favorecimento dos seus filhos em negócio directo com a presidência da República (art. 25.º, 1.º, a da Lei da Probidade).

O presidente da República responde também, perante a lei, enquanto chefe do Executivo, de que é membro (Art. 15.º, 2.º, a Lei da Probidade). De acordo com a Constituição, o presidente pode ser destituído por crimes de suborno, peculato e corrupção (Art. 129.º, 1.º, b).

Por sua vez, “Milucha” Abrantes incorre no mesmo crime, enquanto funcionária pública, ao manter a relação contratual entre a instituição pública que dirige e a empresa dos seus filhos. Estes, enquanto proprietários, admitem na sua comunicação institucional que “a relação entre a Semba e a ANIP continua através da campanha bilingue ‘Angola Eu Acredito’ / ‘Angola I Believe’”.

José Eduardo dos Santos continua a gerir os fundos públicos e a vida dos angolanos com inaudita arrogância e desprezo pelo bom senso. Comete actos de corrupção à luz do dia, entrega-se ao abuso de poder e arrasta o país para a imoralidade.

Os cidadãos angolanos têm o direito e o dever de intentar acções judiciais, cívicas, morais e patrióticas para a destituição, a breve prazo, do cidadão José Eduardo dos Santos do cargo de presidente da República, devido à sua incorrigível conduta corrupta.

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